ZEN DICAS & MUSICAIS

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Tento colocar um pouquinho de cada coisa que gosto de estudar. São assuntos diversos muitas vezes que nem sei de onde peguei, mas são temas aos quais me identifico. Se o autor de algum texto deparar com ele escrito aqui, não se irrite, ao contrário, lisonjeie-se em saber que alguém admira seu pensamento.

Não há religião superior à verdade, o importante é a nossa convivência de respeito mútuo e amizade, sempre pautados na humildade, no perdão e na soliedaridade.

Autoconhecimento, Filosofia, Espiritualidade, Literatura, Saúde, Culinária, Variedades..

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“Citarei a verdade onde a encontrar”.
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6.1.09

ESTAGIOS DA VIDA MISTICA


Estágios da Vida Mística
Ter, 01 de Julho de 2008 18:15
Palestrante proferida por Vicente Hao Chin Jr. (Presidente da Sociedade Teosófica nas Filipinas), em 12 de julho de 2007, com tradução simultânea de Ricardo Lindmann (Presidente da Sociedade Teosófica no Brasil).

Ricardo Lindemann - O Presidente da Sociedade Teosófica nas Filipinas, Vicente Hao Ching Jr., foi organizador de várias atividades. A nossa revista, a Sophia, é praticamente a tradução Theosophical guides que é publicada nas Filipinas. Ele também foi o organizador da publicação das cartas dos Mahatmas na ordem cronológica que nós traduzimos para o português. Então, nós já estamos em dívida, pelo menos duas vezes com o trabalho intelectual, do nosso querido amigo Vicente.

Ele veio pela primeira vez ao Brasil em 1993, quando da realização do oitavo congresso mundial da Sociedade Teosófica mundial, ocorrido no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília.

Eu suponho que vários membros estavam lá, incluindo alguns aqui presentes.

Agora, ele chegou a se entusiasmar e comprou uma gramática em português, pois gostou muito da sonoridade de nossa língua. As Filipinas tiveram colonização espanhola até o final do século 19 e após a guerra entre os Estados Unidos e Espanha, os EUA passaram a exercer seu domínio. Então ele tem um pequeno conhecimento de espanhol, mas não é fluente, no entanto tem agora uma nova paixão pelo português, então vamos ver se eu consigo traduzir, pois quando o nível é muito alto a capacidade do tradutor não alcança, este que é o grande problema.

Vicente Hao Chin Jr.- Boa noite a todos vocês.
É para mim um privilegio voltar aqui ao Brasil e me reunir com estudantes, com companheiros do estudo da sabedoria antiga.

A minha primeira visita ao Brasil foi inesquecível e voltar aqui é como voltar à minha casa.

A nossa palestra de hoje é a primeira de uma seqüência de duas, pois amanhã haverá uma continuação do tema.

Eu gostaria de compartilhar com vocês alguns pensamentos sobre os estágios da vida mística e amanhã eu gostaria de tocar sobre alguns aspectos aplicados da vida diária que auxiliam a expressar esta vida mística.

A vida espiritual ou mística obviamente não é uma vida propriamente fácil de ser vivida.

Necessitamos de todo os tipos de guias, podendo nos inspirar na experiência dos grandes sábios de todos os tempos e até mesmo do passado.

Nós começaríamos introduzindo este tema, que eu suponho que alguns de vocês já estejam familiarizados.

Então, a primeira pergunta é: O que é a vida espiritual ou mística?

Às vezes nós fazemos estas perguntas.

Afinal é a respeito disso que a vida trata, a vida é apenas isto.

Nós nascemos, vamos para a escola, encontramos um trabalho, nos casamos, temos filhos, envelhecemos e morremos. E assim os nossos filhos por sua vez vão crescer, vão para a escola, encontrar um trabalho, casar-se, ter filhos, envelhecer e morrer, e assim os nossos netos vão crescer, ir para a escola, encontrar um trabalho casar, ter filhos, envelhecer e morrer. Já os bisnetos, vão tomar, talvez, o mesmo caminho.

E ai nós perguntamos. Isso é a vida humana. Isso é o limite da vida humana?

Existe um momento da nossa vida que existe um vácuo, vazio em nós, algum tipo de carência, talvez, que não possa ser preenchido ou satisfeito apenas por atividades físicas, sociais, emocionais ou mentais, ou por prazeres nestas áreas, e quando nós nos despertamos para isso, não importa quão ricos, famosos, poderosos sejamos, essas posses, essas posições não são capazes de preencher tais necessidades.

Esse vazio só pode ser preenchido por um tipo de vida que nós chamamos de vida espiritual ou mística.

Este tipo de descontentamento divino só pode ser verdadeiramente satisfeito pela descoberta do nosso verdadeiro ser espiritual.

É isto que chamamos de misticismo.

O misticismo por sua vez foi definido de muitas formas. Uma dessas definições é que o misticismo é a busca por uma união com o absoluto. Quer nós o chamemos de Deus, Realidade, Verdade, Allah ou Brahman.

E essa experiência é o coração de toda experiência religiosa. Então, é muito importante que nós aprendamos a distinguir entre a experiência religiosa comum, e a genuína experiência mística, porque as atividades religiosas ou as crenças podem mudar de ano para ano, senão de século para século, mas a essência da experiência mística permanece por milênios.

Muitos dos dogmas da Igreja Católica Romana sofreram mudanças ao longo de séculos. Na verdade mudanças quase a cada século e foram causas de muitas guerras. Nós podemos falar não só do conflito do cristianismo e islamismo no passado, mas até dos conflitos entre diferentes facções dentro do próprio cristianismo.

E isso é conseqüência da natureza da crença, porque os sistemas de crenças sofrem mudanças e as pessoas se sentem inseguras a respeito deles e particularmente hoje o cristianismo já se subdividiu em tão incontáveis números de seitas que eventualmente não concordam ou se entendem entre si.

Vocês sabem quantas denominações cristãs existem hoje? Vocês querem arriscar? Cinqüenta, cento e cinqüenta, duzentas?

De acordo com a enciclopédia cristã (referência do ano de 2001) são 34.800 denominações cristãs. Isto nos dá uma noção de quão inseguros nós estamos, ou sem certeza de que seja o cristianismo.

É tão grande este grau de discordância que chega a ponto de ser a causa dos cristãos matarem entre si, por causa de pequenas diferenças. Mas quando se chega a essa experiência mística, do cristianismo, então desaparecem ou praticamente não existem estas diferenças.

Eu creio que isso é a chama interna, ou estrutura interna do cristianismo, é essa chama que mantém o cristianismo vivo ao longo de todas as dificuldades que ele atravessou na história. Não somente isto. Esta chama interior do cristianismo não é diferente de outras religiões. Comparando esta experiência com a do zen-budismo, yoga, sufismo ou da cabala, nós descobrimos que há um elemento comum nesta chama.

Este é o coração da experiência mística. E de acordo com William James a natureza pessoal das experiências religiosas tem sua raiz nos centros dos estados místicos de consciência, e nós encontramos então esta experiência mística e comum às outras religiões.

Aqui nos temos alguns nomes de algumas pessoas que tiveram esta experiência mística. Quando estudamos suas obras vemos que tiveram uma experiência basicamente idêntica.

Thomas Murton, Santa Tereza D´Ávilla, São João da Cruz, no cristianismo. No islamismo, Al Hallaj, Rûmî, muitas pessoa no hinduismo, Ramakrishna, Shankaracharia, no budismo, Suzuki, Lao Tse, no taoísmo. Mas até mesmo Walt Whitman nos fala sobre experiência místicas que não estão alinhadas a uma religião em particular.

Uma das pessoas que contribui neste sentido, pela psicologia transpessoal, foi Abraham Maslow. Ele escreveu um livro “Religiões, Valores e Experiência de Culminação”, dizendo: “Na medida de todas as experiências místicas são as mesmas na sua essência, e tem sido sempre as mesmas em todas as religiões tem a mesma essência e são sempre a mesma”.

E esses praticantes da religião devem, portanto, chegar a um acordo, pois trata de um ensinamento comum a todas as religiões. Portanto, todas essas experiências têm essência em comum, qualquer que sejam as suas diferenças a respeito das iluminações, tomadas por regionalismos, experiências locais no tempo e no espaço, que são, de uma forma periférica e não essenciais. As diferenças são menos relevantes. O que há de comum é o que importa.

E justamente este aspecto que as religiões têm em comum, este algo que resulta depois que nós tivermos removido todos esses elementos mais locais da experiência mística, é o que nós podemos chamar de coração, de cerne, da experiência mística, que é de natureza transcendental.

Então, o que nós podemos ver é que as pessoas que estão neste núcleo da experiência, de uma determinada religião, que vamos chamar de espiritualidade. Estão muito próximo daqueles que estão mesmos no coração de outras religiões. A espiritualidade é a mesma.

E aqueles que tomam a religião por rituais e cerimônias, ou questões teológicas, são geralmente os que estão discutindo uns com os outros ou com os de outras religiões.

Por exemplo, se nós observarmos o que vem acontecendo nos últimos 100 anos, entre católicos e protestantes, na Irlanda. As mais longas guerras são sempre religiosas.

A guerra dos 30 anos (1618-1648) foi uma guerra na Europa entre protestantes e católicos. Aproximadamente 300 anos (1099 – 1291) duraram as cruzadas.

E o interessante é que aqueles que estão no coração das suas religiões estão sintonizados mesmo com aqueles que estão no coração das outras, independentemente do nome que dêem a si mesmos e não estão envolvidos nestas discussões sobre questões de rituais ou de teologia.

Então, eu gostaria de revisar com vocês o que nós chamamos dos estágios da vida espiritual ou mística.

O primeiro estágio é um despertar desta busca inicial por sabedoria ou intuição, motivado por um descontentamento interior.

Está relacionada, justamente, mesmo quando estamos bem posicionados com a vida mundana, de que algo esta faltando na vida, e é este tipo de vazio que nos trás, por exemplo, a um lugar como a Sociedade Teosófica.

Quando nós chegamos este estágio, eventualmente iniciamos uma busca, pela senda, pelo caminho, e finalmente nós chegamos, então, a um desses portais ou caminho, que nos levaria a este senda.

Quando nós finalmente encontramos esta senda, começamos dois caminhos.

O primeiro é um processo de limpeza ou purificação do eu inferior e de integração com o eu superior.

E o segundo é uma espécie de nutrição da consciência superior, e aí começa o processo de meditação ou uma atenção a pensamentos superiores, exigindo uma plena atenção de desenvolvimento da mente irradiante.

Esses dois processos vão tomar, talvez, toda a nossa vida, ou quem sabe, uma série de vidas e finalmente atingirá a iluminação, ou Satori, ou Buddhi. Concluindo o estado de união, chamado de Nirvana.

Talvez a maioria de nós esteja neste dois estágios de purificação e nutrição da natureza superior. É importante que nós percebamos o que é essencial nestes dois processos de purificação e nutrição internas.

Porque é algo que deve ser feito sistematicamente e não eventualmente ou por impulso. Exige ser feito por anos, anos e anos.

O sacerdote jesuíta, chamado Anthony de Mello, dizia que espiritualidade significa despertar. A maioria das pessoas mesmo quando não são cientes, não percebem, estão dormindo.

Nascem dormindo. Elas vivem no sono, elas casam no sono, elas criam as crianças no sono, e até morrem dormindo sem jamais terem sido despertadas. Elas nunca compreendem o lado adorável e belo desta coisa que nós chamamos de existência humana.

Existe uma história de Gautama Buddha, onde lhe foi perguntado qual era a diferença dele e das pessoas comuns. E ele disse que “não havia diferença, exceto a de que ele estava desperto”.

Isso se refere a esta qualidade de despertar, de tomada de consciência na vida humana, e isto não é apenas o tipo de consciência que nós temos agora, é um tipo de despertar de consciência que precisa ser nutrido por um processo sistemático e prolongado.

Nós poderíamos até dizer que a vida mística é um processo cientifico que nós geramos certas causas e nós geramos um certo resultado.

Depois de encontrar essa senda espiritual, nos descobrir que ela requer duas coisas:

A mais importante - superior - é a de nutrir a nossa intuição interna através de várias práticas espirituais, e essa intuição é muito diferente de qualquer percepção extra-sensorial. Quando nós temos esta busca, devemos conquistar a maestria do nosso próprio ser, controlando os nossos hábitos condicionados, ou padrões de reação.

E isso é o que nós chamamos, basicamente, de autotransformação.

Eu creio que este diagrama é algo que todos estamos familiarizados onde existem assim diferentes níveis, não vou entrar em cada detalhe disto, pois suponho que já estejam familiarizados com isso. O que eu gostaria de enfatizar é a diferença da nossa natureza superior e inferior.

A maioria das pessoas está desperta na natureza inferior, mas adormecida nos assuntos de natureza superior, e a vida espiritual é basicamente o despertar desta natureza superior. Para fazer isso é necessário adquirir certa maestria ou domínio sobre a natureza inferior senão ela pode se tornar um obstáculo.

Então nós temos o despertar da natureza superior e o controle, ou a purificação da inferior. E se nos vemos os estágios da nossa vida espiritual a partir desta perspectiva, nós eventualmente começaremos observando um padrão de sofrimento, medo, desapontamento, infelicidade e sendo vítimas do ambiente ou dos condicionamentos, e quando nos começamos esta limpeza começamos a estruturar esta eficiência pessoal.

Se uma pessoa está cheia de medo, ira ou medo, ela vai encontrar muita dificuldade em seguir a senda espiritual, porque essa ira e o medo estão a indicar que a energia da consciência esta a fluir na direção inferior, pois quando a energia flui ou é despendida na fúria ou ira não sobra energia para ser dirigida na natureza superior, e gasta no inferior.

Então, nós poderíamos dizer que esta libertação na vida superior é fundamentada justamente nesta disciplina pessoal.

Assim, também um pintor, antes de começar a plenamente a pintar, tem que desenvolver certas qualidades, que são as habilidades técnicas.

Como um pianista que antes de se tornar criativo ele tem que dominar as questões básicas de tocar o piano.

Então, a libertação e a criatividade na esfera espiritual também significam que devemos controlar as partes fundamentais da nossa natureza inferior.

E a primeira questão que surge desta purificação e limpeza é a descoberta de uma capacidade de libertar da infelicidade pessoal, pois afinal o que é infelicidade. São basicamente coisas como medo, ira, ressentimento, desapontamentos, depressão ou insegurança.

Tudo isso constitui problemas do triângulo inferior ou a personalidade. A vida espiritual significa que antes temos que administrar e transcender o triângulo inferior.

Isto nos trás uma ação racional e impessoal, mas também consistente com a afeição e o cuidado, e finalmente nos levará ao despertar da compaixão, o amor e ao serviço.

Começamos, então, com a vida mística que nos levará a libertação ou a realização da realidade última.

Vamos dar uma olhada num aspecto deste tema. Vamos observar a comparação entre o pessoal e o impessoal. A maioria de nós talvez seja muito personalista e normalmente as relações pessoais estão ligadas nos gostos e desgosto, mas na nossa consciência superior somos capazes de amar e apreciar sem apego. Sem sentir-se inseguros.

Por exemplo, nós falamos com outras pessoas, nós caímos na bajulação para produzir efeito nas outras pessoas, mas isto é muito diferente daquilo que somos capazes de apreciar ou de admirar em outras pessoas de uma forma impessoal. Outra coisa é aquela satisfação de uma necessidade ou desejo que é muito diferente de uma alegria espontânea. Nós lemos que a vida espiritual é importante e que compaixão às outras pessoas não é indiferença, mas simplesmente uma compaixão desapegada.

Nessas condições de desapego é que o genuíno amor tem condição de florescer. Por que se está envolvido no apego, está de certa forma envolvida na ambição.

Existem muitos exemplos deste tipo, mas estamos pegando somente alguns deles. No desenvolvimento da natureza espiritual vale a pena considerarmos alguns aspectos da consciência.

Usualmente nós pensamos em processos seqüências, mas a vida espiritual requer de nós que sejamos capazes de algo, além disso, é a capacidade de ver as coisas diretamente sem a necessidade da seqüência racional e o nome que costumamos dar a isto é insight, ou traduzido, visão interior, ou vislumbre interno.

Outra coisa que não é baseada no pensamento seqüencial, ou lógico, é esta consciência contemplativa. É um tipo de consciência que parece estar sempre no pano de fundo de nossas mentes, e ainda assim tem uma tremenda influência na nossa vida, porque afeta nossos relacionamentos ou a maneira que fazemos as coisas, a maneira como nós decidimos e atuamos perante situações.

Nós podemos encontrar a morte, acidentes, doenças. A mente ordinária reage com sofrimento, com desapontamento, com frustração, com ira e mesmo com depressão. Essas são as reações comuns a estes obstáculos.

Mas este outro tipo de consciência contemplativa da mente irradiante, não reage desta maneira. Ela é capaz de ver as coisas de uma maneira mais profunda do que a mente comum.

Mas essencialmente ela está além do sofrimento pessoal ou infelicidade, e para aqueles que são afortunados, surgem estas experiências de iluminação, Samadhi, Satori, Raja, budhdi ou consciência cósmica.

É importante, porém perceber que isto não é uma experiência fantástica que aparece subitamente.

A iluminação na verdade vem quase como algo que não se nota, como um despertar ou nascer do sol, que é gradual. Nós apenas começamos observar ao longo dos anos que algo realmente está mudando ou mudou em nossas vidas. O último estágio de união, ou absorção é o que os Sufis chamam de Fana, ou os budistas de Nirvana.

Nós podemos identificar três estágios ou degraus nesse processo. Nós começamos inicialmente com uma personalidade de que é conflituosa ou fragmentada. Há partes da consciência que funcionam separadamente, em conflito, quem sabe poderíamos dar um exemplo.

Eu amo meus filhos, mas freqüentemente estou irado com eles. Estas duas estão em conflito. Percebe-se então que no momento que nós estamos em ira com alguém, não se pode amar aquela pessoa, e tomamos então consciência do que estamos fazendo com uma criança, então nós vamos perceber que vamos machucar aquela criança, como nós podemos amar uma pessoa que estamos machucando.

Então percebemos então uma parte que é amorosa, mas outra que é destrutiva e essas duas não conseguem conviver juntas porque quando a ira surge, o amor desaparece, ou tira férias.

Alguns pais chegam a dizer, “eu bato nos meus filhos porque os amo”, mas a ira não é assim. Uma pessoa que esta irada às vezes tem até sua mão tremendo. Algumas pessoas chegam a dar um soco na parede para liberar aquela energia, algumas pessoas batem com a cabeça na parede, pois a energia da ira é naturalmente agressiva então a liberação desta ira não é indicação de amor.

Então é importante chegar neste segundo estágio e resolver estes conflitos de modo a integrá-los. Isto pode se aplicar a vários aspectos.

Eu posso dizer que eu desejo ser saudável e que coisas que me tornam não saudáveis? Eu preciso resolver estas coisas, por exemplo, estou fumando e serei eu capaz de parar quando quiser, ou será que é algo que eu descubra que é difícil de eu parar?

Necessita-se de exercícios, eu posso começar a fazer o exercício?

Ou existe a ira sou capaz de fazer a ira desaparecer da minha vida?

Existem muitas coisas na nossa vida que precisamos fazer, mas que são muito difíceis de fazer e este é o desafio da vida espiritual, que é a capacidade de conquistar a si mesmo, a força superior.

O Sufismo chama de a grande luta.

Uma vez Maomé dizia estar recebendo pessoas que vinham de uma guerra santa, Jihad, então ele apenas disse, enquanto eles vinham nos seus cavalos: “Vocês vieram de uma pequena guerra santa e agora vocês devem iniciar a grande guerra santa”, e eles perguntaram – “O que é essa grande guerra santa?”. E Maomé respondeu - “É a conquista de si mesmo”.

E esse processo de integração toma muito tempo, mas é a parte essencial da vida espiritual. Então enquanto este processo não começou a vida espiritual, como diz Krishnamurti, também não começou.

Por exemplo, Krishnamurti fala de consciência sem escolha, mas quando a consciência não atingiu este grau de percepção sem escolha não é possível, pois a consciência fica absorvida nestes pequenos conflitos da personalidade.

E depois do estágio de integração vem o estágio transcendente e essa sabedoria intuitiva silenciosamente começa a surgir em nossas vidas e produz finalmente uma qualidade na nossa mente que não é egocentrada.

Se uma pessoa e é elogiada ou condenada pelos outros, se recebe esta influência, mas não é afetado por ela. E este é um dos mais altos níveis de maturidade.

Existe uma famosa obra no cristianismo de um desconhecido, A Nuvem do Desconhecido (A cloud of unknowing), é um pequeno livro no século 14, que é um dos mais importantes livros do misticismo cristão.

Fala de um processo dual da vida espiritual, para que uma pessoa deseje ir a vida divina, duas coisas vão acontecer:

- Uma pessoa tem que ir para a nuvem do esquecimento.

O que é este esquecimento? É o desapego às coisas.

Nós apreciamos um computador, mas se de repente este computador desaparecer para sempre, nós simplesmente, aceitaremos o fato. Temos um carro e cuidamos dele por ser útil, mas se ele for destruído ou desaparecer, nós seremos capazes de aceitar. É um alto grau de senso de responsabilidade, mas igualmente de desapego.

Mas nós temos que entrar também numa outra nuvem.

- É um tipo de nuvem que não envolve mais o conhecer, não é de crenças ou palavras, as palavras Deus, Buddha, Jesus. Não significam mais para nós por que as palavras são limitações, conceitos, crenças e atitudes.

É preciso que a consciência se liberte destas coisas e entre num estágio que não é conhecido, não no sentido de voltar a ser criança por ser ignorante, mas mesmo tendo eventualmente os conhecimentos nós os transcendemos e neste livro nos é dado pontos fundamentais da prática da vida mística.

Por exemplo, no yoga, na espiritualidade budista, no sufismo, na cabala, é o mesmo princípio, e as regras não são novas, são antigas. É apenas a questão de se nós teremos a determinação para segui-las.

Amanhã vou aprofundar com vocês, as dificuldades particulares deste processo, que penetram na consciência sem o nosso consentimento e como neutralizá-las, por que a menos que nós sejamos capazes de condicionar e neutralizá-las se tornam obstáculos muito poderosos à meditação e à vida espiritual.

Eu gostaria de parar aqui nossa explanação pode haver algum espaço para perguntas ou considerações:

Pergunta: Com podemos viver no cotidiano essa experiência?

Resposta:

Há duas razões pelas quais procuramos esta senda mística. Algumas pessoas já nascem com esta espiritual, já que com seis ou sete anos estas pessoas sentem que terão que levar uma vida diferente, ou espiritual e poderíamos chamar de pessoas com uma alma muito avançada espiritualmente falando.

Em algum de nossos casos, essa chama está ali, mas ainda é muito tênue e a influência do meio pode cobri-la até que não se perceba mais a chama.

Neste caso a pessoa sairá em busca da carreira, ganhar dinheiro, corrida do ouro, mas em algum lugar dentro dela existe uma infelicidade. É por isso que acho que a educação, não somente na escola, mas também dos pais é muito importante.

A educação deveria ser capaz de fazer florescer a plenitude da criança sem a pressão do medo. De modo a ser capaz de sentir a presença desta chama por inteiro e assumir responsabilidade sem que estas responsabilidades entrem em conflito.

Se puder compartilhar pessoal algo com vocês, houve uma época na qual eu queria viver nas montanhas e largar tudo mais.

Eu tinha uma namorada e nem sequer tinha certeza se eu gostaria de me casar. E os meus pais eram empresários e como eu era o irmão mais velho era esperado que eu continuasse aquilo. E eu queria apenas me libertar de tudo aquilo e viver a vida espiritual.

Eu tinha meus 20 anos, já era membro da Sociedade Teosófica e foi a minha interação com a teosofia que foi me trazendo sabedoria. Comecei a me aperceber que eu estava escapando da vida e eu via muita dificuldade nos problemas do mundo e parecia mais fácil fugir para as montanhas.

Mas a vida espiritual não pode se separar de qualquer outra coisa, então eu percebi que se está vida do mundo é difícil, precisando-se aprender como a trabalhar com ela.

E por isso mesmo tomei a decisão que eu precisava voltar e enfrentar esta vida do mundo. Envolvi-me então em negócios, manufatura, gerenciamento de centenas de pessoas, e eu acredito que a vida espiritual pode ser vivida dentro de tudo isso, pois a qualidade da mente que se move neste mundo que fará a diferença.

Se eu apenas me afundo nisso e esqueço a vida espiritual, então não há vida espiritual. Em todo caso em que haja o despertar da consciência e haja significado em cada ação ou mesmo na nossa reação às oportunidades e aos problemas, creio que assim de fato aceleramos a nossa vida espiritual. É difícil, mas na verdade é mais rápido.

Isto responde sua pergunta?

Pergunta: Eu gostaria de aprender como tornar o corpo físico mais apto.

Resposta:

Eu gostaria de falar sobre isto, mas poderia tomar muito tempo, mas duas facetas que quero falar:

A primeira é simplesmente sobre a saúde, seja para a vida física ou para o mundo espiritual, a saúde neste corpo é necessária, quando o corpo está fraco, há muitas coisas que não conseguimos mais fazer. Porque o corpo é como o cavalo sobre o qual nós montamos e que se o cavalo ficar fraco nós não conseguiremos alcançar nosso destino, nós não conseguimos manejar a nossa energia do corpo astral.

A questão do corpo físico e do cérebro é importante, pois nós não podemos buscar a vida espiritual somente a partir do corpo astral, nós precisamos do corpo físico e do seu cérebro. Mas quando a energia do sistema é fraca também a capacidade de seguir este caminho.

Talvez alguém aqui tenha lido sobre Krishnamurti, que sempre enfatizava que para despertar espiritualmente, para estarmos conscientes nós precisamos de energia.

O oposto deste despertar pode ser uma mente sonolenta. Se eu desejo estar desperto, mas meu cérebro está adormecido, eu não consigo despertar.

Então o segundo aspecto é que precisamos manter o cérebro e corpo na capacidade ótima de produzir este despertar. Eu já notei que quando meu corpo está cansaço minha meditação fica pobre. Na verdade quando o corpo está cansado, na verdade quando o corpo está fraco eu vou dormir, pois a meditação não é produtiva.

Então tomar cuidado com o corpo físico é uma parte importante desta senda espiritual.

Eu suponho que foi madame Blavatsky que dizia que só podemos atingir a iluminação quando estivermos no corpo físico, não no Devachan, ou celestial, mas enquanto nós estivermos usando o corpo físico e seu cérebro.

E por isso é dito nas nossas orientações, e ela fez uma listagem das condições para se tornar um discípulo, e o primeiro requisito é a perfeita saúde físic



retirado http://www.teosofia-liberdade.org.br/index.php/arquivos/artigos/44-artigos/124-estagios-da-vida-mistica.html


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