
FILOSOFIA EM CARL GUSTAV JUNG
O pensamento de Carl Gustav Jung está repleto de fundamentos filosóficos que são usados como princípios para uma reflexão que considere a perspectiva religiosa na vida humana. As diversas doenças psicológicas, entre elas a neurose, têm raízes na instância espiritual da pessoa. Ora, para Jung, essas doenças revelam o sofrimento de uma alma que não encontrou o seu sentido existencial.
Talvez a dificuldade de Jung em aceitar que suas idéias tenham fundamentos filosóficos se dava porque, na perspectiva junguiana, o analista tem a função de conduzir seus pacientes para longe de respostas estruturadas no consciente. Esse distanciamento garante ao paciente o tempo e o espaço interior necessários para que quando o seu interior falar, o paciente possa ouvi-lo.
A alma fala pelas emoções. As emoções se manifestam de várias maneiras: medos, tristeza, ojeriza, paixão, solidão, carência. A superação das emoções que travam a alma em seu processo de auto-humanização ocorre somente quando o paciente tem acesso à voz de sua alma. Ao ouvi-la o paciente poderá perceber que o seu inconsciente lhe revela desequilíbrios em sua estrutura interna. A partir de tal percepção, a mudança é possível. Neste sentido, utiliza de forma indireta os fundamentos de Schleiermacher.
Em resumo, Schleiermacher considera a necessidade de compreendermos o homem para então compreendermos o que ele diz, o que faz o processo hermenêutico acontecer numa psicoterapia é a linguagem do paciente centrada na subjetividade, que serve de chave para a compreensão global de um indivíduo. Schleiermacher aceita a idéia de que o absoluto não é atingível por via racional, como acreditavam outros pensadores como Kant. O absoluto, na visão de Schleiemarcher é atingido pelo sentimento, atividade orientada pelo conhecimento e pela vontade. Mas o sentimento somente pode ter significado se ela vincular-se à religião como suprema atividade humana.
Dentro de tal perspectiva, Guilherme Dilthey busca para as ciências humanas o rigor metodológico a fim de demonstrar o nivelamento objetivo dessas com as ciências naturais. Para ele, o intérprete, e aqui incluímos o psicoterapeuta, necessita alcançar uma interpretação ‘objetivamente válida’ das ‘expressões da vida interior’.
A concretização conceitual das idéias de Dilthey está em sua fórmula hermenêutica. Dilthey a fundamenta a partir da experiência, da expressão e da compreensão. Em suas palavras, uma ciência só pertence aos estudos humanísticos se o seu objeto se nos tornar acessível através de um processo baseado na relação sistemática entre vida, expressão e compreensão.
A experiência, conforme o pensar de Dilthey, seria o ato de consciência, mas não a consciência do próprio ato, a experiência seria o ato subjetivo ainda não objetivo pois uma vez tornado objetivo, pensado e consciente separa-se do subjetivo. E tal experiência deve estar envolto a categorias de historicidade. Assim, a expressão não significa o sentimento de uma pessoa evidenciado em algum ato. Ela é a expressão de vida da pessoa, de seu interior. A expressão não é um simbólico dos sentimentos mas o próprio sentimento evidenciado. Por isso, a compreensão é vista por Dilthey como a operação cognitiva da mente realizada para decifrar a mente de outra pessoa. Pela compreensão dá-se o processo de apreensão metarracional da experiência humana viva.
Como podemos notar, a linha psicológica de Jung está fundamenta em especulações filosóficas profundas. Em Jung, encontramos expressões filosóficas que servem de linguagem simbólica dos profundos sentimentos interiores.
Sua visão acurada leva-o a afirmar que a alma é uma inteligência independente de tempo e espaço. Ora, o tempo e o espaço provocam a percepção real das contingências ocorrentes em fenômenos naturais. A alma, no entanto, está ligada simultaneamente a dois mundos: o material e o espiritual. Neste aspecto, Jung se utiliza dos pensares tardios de Kant que confessara inclinar-se a afirmar a existência de seres imateriais no universo, entres eles, sua própria alma. Mas, não é a razão o instrumento de acesso a esta crença, mas um viés específico da mente humana.
Por certo, Jung procura lançar uma crítica mais fundamentada sobre o pensamento humano moderno que se baseia exclusivamente em fatos científicos e exteriores. Na contramão do pensar científico, Jung defendia que as necessidades objetivas do ser humano não eram supridas com respostas científicas materialistas. Jung, neste ponto, direciona seu discurso para o que ele chama de si mesmo, o self. As experiências pessoais são válidas, mas não podem se reduzir a apenas ações exteriores. Podemos, a partir delas, atingir o verdadeiro autoconhecimento e o centro transcendental da personalidade, o self. A realização pessoal do indivíduo ocorre quando atingimos este centro.
O processo junguiano para se atingir o centro do interior humano é denominado por Jung de Individuação. Diz Jung (apud Luis GRINBERG em Jung: o homem criativo. São Paulo: FTD, 1997-177), “...com a individuação muitos dos problemas que surgem já não são mais os conflitos egóicos, mas as dificuldades que dizem respeito a questões fundamentais coletivas, morais, filosóficas e religiosas. /.../ É preciso sermos capazes de sacrificar e fazer morrer aquilo que já não serve mais para continuarmos vivos e inteiros, para não corrermos o risco de nos tornamos ‘mortos-vivos’. /.../ A individuação ou realização do Si-Mesmo é um conceito permeado de significados morais e éticos. Sua ênfase está na autonomia e responsabilidade do indivíduo no mundo.
O pensamento de Carl Gustav Jung está repleto de fundamentos filosóficos que são usados como princípios para uma reflexão que considere a perspectiva religiosa na vida humana. As diversas doenças psicológicas, entre elas a neurose, têm raízes na instância espiritual da pessoa. Ora, para Jung, essas doenças revelam o sofrimento de uma alma que não encontrou o seu sentido existencial.
Talvez a dificuldade de Jung em aceitar que suas idéias tenham fundamentos filosóficos se dava porque, na perspectiva junguiana, o analista tem a função de conduzir seus pacientes para longe de respostas estruturadas no consciente. Esse distanciamento garante ao paciente o tempo e o espaço interior necessários para que quando o seu interior falar, o paciente possa ouvi-lo.
A alma fala pelas emoções. As emoções se manifestam de várias maneiras: medos, tristeza, ojeriza, paixão, solidão, carência. A superação das emoções que travam a alma em seu processo de auto-humanização ocorre somente quando o paciente tem acesso à voz de sua alma. Ao ouvi-la o paciente poderá perceber que o seu inconsciente lhe revela desequilíbrios em sua estrutura interna. A partir de tal percepção, a mudança é possível. Neste sentido, utiliza de forma indireta os fundamentos de Schleiermacher.
Em resumo, Schleiermacher considera a necessidade de compreendermos o homem para então compreendermos o que ele diz, o que faz o processo hermenêutico acontecer numa psicoterapia é a linguagem do paciente centrada na subjetividade, que serve de chave para a compreensão global de um indivíduo. Schleiermacher aceita a idéia de que o absoluto não é atingível por via racional, como acreditavam outros pensadores como Kant. O absoluto, na visão de Schleiemarcher é atingido pelo sentimento, atividade orientada pelo conhecimento e pela vontade. Mas o sentimento somente pode ter significado se ela vincular-se à religião como suprema atividade humana.
Dentro de tal perspectiva, Guilherme Dilthey busca para as ciências humanas o rigor metodológico a fim de demonstrar o nivelamento objetivo dessas com as ciências naturais. Para ele, o intérprete, e aqui incluímos o psicoterapeuta, necessita alcançar uma interpretação ‘objetivamente válida’ das ‘expressões da vida interior’.
A concretização conceitual das idéias de Dilthey está em sua fórmula hermenêutica. Dilthey a fundamenta a partir da experiência, da expressão e da compreensão. Em suas palavras, uma ciência só pertence aos estudos humanísticos se o seu objeto se nos tornar acessível através de um processo baseado na relação sistemática entre vida, expressão e compreensão.
A experiência, conforme o pensar de Dilthey, seria o ato de consciência, mas não a consciência do próprio ato, a experiência seria o ato subjetivo ainda não objetivo pois uma vez tornado objetivo, pensado e consciente separa-se do subjetivo. E tal experiência deve estar envolto a categorias de historicidade. Assim, a expressão não significa o sentimento de uma pessoa evidenciado em algum ato. Ela é a expressão de vida da pessoa, de seu interior. A expressão não é um simbólico dos sentimentos mas o próprio sentimento evidenciado. Por isso, a compreensão é vista por Dilthey como a operação cognitiva da mente realizada para decifrar a mente de outra pessoa. Pela compreensão dá-se o processo de apreensão metarracional da experiência humana viva.
Como podemos notar, a linha psicológica de Jung está fundamenta em especulações filosóficas profundas. Em Jung, encontramos expressões filosóficas que servem de linguagem simbólica dos profundos sentimentos interiores.
Sua visão acurada leva-o a afirmar que a alma é uma inteligência independente de tempo e espaço. Ora, o tempo e o espaço provocam a percepção real das contingências ocorrentes em fenômenos naturais. A alma, no entanto, está ligada simultaneamente a dois mundos: o material e o espiritual. Neste aspecto, Jung se utiliza dos pensares tardios de Kant que confessara inclinar-se a afirmar a existência de seres imateriais no universo, entres eles, sua própria alma. Mas, não é a razão o instrumento de acesso a esta crença, mas um viés específico da mente humana.
Por certo, Jung procura lançar uma crítica mais fundamentada sobre o pensamento humano moderno que se baseia exclusivamente em fatos científicos e exteriores. Na contramão do pensar científico, Jung defendia que as necessidades objetivas do ser humano não eram supridas com respostas científicas materialistas. Jung, neste ponto, direciona seu discurso para o que ele chama de si mesmo, o self. As experiências pessoais são válidas, mas não podem se reduzir a apenas ações exteriores. Podemos, a partir delas, atingir o verdadeiro autoconhecimento e o centro transcendental da personalidade, o self. A realização pessoal do indivíduo ocorre quando atingimos este centro.
O processo junguiano para se atingir o centro do interior humano é denominado por Jung de Individuação. Diz Jung (apud Luis GRINBERG em Jung: o homem criativo. São Paulo: FTD, 1997-177), “...com a individuação muitos dos problemas que surgem já não são mais os conflitos egóicos, mas as dificuldades que dizem respeito a questões fundamentais coletivas, morais, filosóficas e religiosas. /.../ É preciso sermos capazes de sacrificar e fazer morrer aquilo que já não serve mais para continuarmos vivos e inteiros, para não corrermos o risco de nos tornamos ‘mortos-vivos’. /.../ A individuação ou realização do Si-Mesmo é um conceito permeado de significados morais e éticos. Sua ênfase está na autonomia e responsabilidade do indivíduo no mundo.
retirado http://www.institutoaion.com.br
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