ZEN DICAS & MUSICAIS

CIRCULO ZEN,

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Apresentamos teorias, informações, previsões, profecias e idéias que devem ser vistas apenas como caráter especulativo. Não queremos doutrinar, afirmar ou convencer ninguém..

Tento colocar um pouquinho de cada coisa que gosto de estudar. São assuntos diversos muitas vezes que nem sei de onde peguei, mas são temas aos quais me identifico. Se o autor de algum texto deparar com ele escrito aqui, não se irrite, ao contrário, lisonjeie-se em saber que alguém admira seu pensamento.

Não há religião superior à verdade, o importante é a nossa convivência de respeito mútuo e amizade, sempre pautados na humildade, no perdão e na soliedaridade.

Autoconhecimento, Filosofia, Espiritualidade, Literatura, Saúde, Culinária, Variedades..

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“Citarei a verdade onde a encontrar”.
(Richard Bach)


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Albert Einstein

circulo zen

18.5.09

1.2 A Inumerabilidade dos mundos

1.2 A Inumerabilidade dos mundos



E o que dizer dos mundos inumeráveis?

“... em verdade, eu não me entrego a fantasias; e, se erro, não creio errar intencionalmente; falando e escrevendo, não disputo pelo simples amor da vitória em si mesma, mas por amor da verdadeira sabedoria e por dedicação à verdadeira contemplação eu me afadigo, me sacrifico, me atormento.” 56

Essa é a imagem de Giordano Bruno: um espírito perscrutador das Verdades Universais, inconformado com os dogmas e com as verdades “imutáveis”, sempre em busca de si mesmo e da unidade de todas as coisas. Para ele, o Ser Criador é a Grande Unidade, para onde tudo converge; desde os átomos até as mais longínquas estrelas; está em tudo e tudo reflete o seu poder.

Bruno compreende o homem – na linguagem atual poderíamos dizer: ser humano -, sempre em busca do Divino Objeto: a Verdade.

Procura desmistificar a crença nas verdades imutáveis, construída pelo ser humano, divulgando o Princípio Hermético de que tudo está submetido à transmutação. Através da Teoria da Inumerabilidade dos Mundos Habitados, contesta a crença de que a Terra seria o centro do Universo, indicando, através da razão e da intuição, a veracidade da sua teoria. Tirou-nos da solidão cósmica em que estávamos encerrados colocando-nos como participantes de uma Vontade Universal, que na linguagem pitagórica se traduziria como a necessidade de “ganharmos excelência”; ou seja, tornarmo-nos tão perfeitos e ordenados quanto o Universo. Esta teoria coloca o ser humano numa posição de duplo reconhecimento: diante da grandeza do Universo e dos limites humanos, além de levar em consideração as suas potencialidades.

A teoria da Inumerabilidade dos Mundos nos remete à discussão sobre o Infinito. Em “ACERCA DO INFINTO, DO UNIVERSO E DOS MUNDOS”, Bruno inicia o diálogo primeiro com o seguinte questionamento: “Como é possível que o universo seja finito?”.

Esta pergunta encerra muitas reflexões e discussões acerca da concepção que se tem do Criador e da criação.

Para os que crêem que o universo saiu de mãos infinitas, como é possível concebê-lo de forma finita? Como é possível limitar a Criação dentro de nossos estreitos conceitos?

A partir de tais questionamentos, Bruno procura fundamentar a sua visão de Infinito, à qual relaciona as idéias de dilatação e limites.

Como demonstrar a finitude do Universo, como querem os representantes do poder temporal? Como impor limites ao Ilimitado? Ao que Bruno argumenta que não podemos compreender o infinito pelos sentidos, porque este não pode ser objeto dos sentidos. Por isso, ao recorrermos a eles, devemos fazê-lo com cautela. Os sentidos não servem para testemunhar sobre tudo; não servem para julgar nem para condenar. Devem ser vistos como um caminho a seguir, pois o seu testemunho é apenas parcial. Por isso, os sentidos não podem compreender nem perceber o Infinito. Para Bruno, é mais difícil imaginar o nada do que pensar o Universo como um ser Infinito e Imenso.

Aqui o Universo é apresentado como um ser que não possui limites. Poderia ser definido como ILIMITADO. Por outro lado, ainda no mesmo diálogo, Bruno o apresenta como PLENO, porque não termina no vácuo ou no vazio e está sempre apto a receber algum corpo, como os inumeráveis mundos, estrelas e sóis. Para ele, não é apenas razoável que o Universo seja pleno, mas necessário. A idéia de PERFEIÇÃO também é apresentada como mais um argumento para a compreensão da infinitude do Universo: “Portanto, da mesma forma que este espaço pode, tem podido ser perfeito e é necessariamente perfeito pela continência deste corpo universal, como você afirma, assim também pode e tem podido ser perfeito todo o outro espaço.” 58

Para ele seria um mal se o espaço que acolhe este mundo não fosse pleno, ou seja, seria um mal se o nosso mundo não existisse. A idéia de plenitude está intimamente associada ao existir. A conseqüência direta desta idéia traduz-se em sua dimensão infinita e nos seus mundos inumeráveis. Outra forma de compreensão do Infinito reside na PLURALIDADE ou INUMERABILIDADE dos mundos, apresentada por Bruno, a partir da Teoria Heliocêntrica. Sendo o mundo e o espaço, no qual este mesmo mundo se move, um bem... a mesma razão determina que deve existir um bem infinito, pois, onde existe um bem finito pela razão e conveniência, existe o Infinito por absoluta necessidade. Ou seja, a razão e a conveniência determinam a finitude; a necessidade, a infinitude. Para ele, a excelência infinita se apresenta melhor em indivíduos inumeráveis que nos numeráveis e finitos.

Bruno identifica a Excelência Infinita com a Excelência Divina, ao afirmar:

“Assim, por causa dos inúmeros graus de perfeição, que devem explicar a excelência divina – incorpórea através dum modo corpóreo, devem existir inúmeros indivíduos, que são estes grandes animais (um dos quais é esta terra, mãe generosa que nos gerou, nos alimenta e não nos receberá de volta) e para os conter faz-se necessário um espaço infinito.” 59

Ao que podemos concluir que o Infinito possui um atributo DIVINO e, em assim sendo, não é ocioso, não é limitado, não é estéril, por isso criou um Universo Infinito e sem limites, de forma graciosa e bela.

Há uma diferença entre a infinitude do Ser Criador em Deus e a “infinitude” do Universo? Para Bruno, o Universo é “todo infinito” porque não possui limite, termo ou superfície; não é “totalmente infinito”, porque qualquer uma de suas partes é finita, bem como os seus inumeráveis mundos. O Criador é “todo infinito” porque não pode ser definido por nenhum termo e todos os seus atributos o fazem Uno e Infinito; é também “totalmente infinito” porque está inteiramente em todo o mundo, em cada uma de suas partes de forma infinita e totalmente. A infinitude do Universo, ao contrário, reside no todo e não nas partes. Compreendido desta forma, o Universo é para ele um reflexo da Mente Divina, uma criação de um “Pai fecundo, Gracioso e Belo”. O Altíssimo, é portanto, a Causa, o Princípio de todas as coisas, e é Uno. 60

(56) Id., Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos, 1978, p.4
(57) Id. ibid., p.17.
(58) Id. ibid., p.18.
(59) Id. ibid., p. 19. A expressão “não nos receberá de volta” revela-se um problema para os que admitem que Giordano Bruno, além defender a pluralidade dos mundos, admitia também a pluralidade das existências. Esta expressão pode ser compreendida como uma negação deste princípio e contrapõe-se em parte, ao hermetismo religioso e à cabala presentes na filosofia bruniana. Por outro lado, “não nos receberá de volta”, pode significar que não existe a morte mas apenas uma transformação, porque, como afirma Bruno, “nada diminui substancialmente, mas tudo , deslizando pelo espaço infinito muda de aparência...” De qualquer forma, o problema permanece.
(60) Id., A causa, o Princípio e o Uno, p. 133: “E que todos os vivos magnifiquem o [Ser] simplíssimo, uníssimo, altíssimo e absolutíssimo [que é] Causa, Princípio e Uno.”

O Universo é infinito e imóvel, por isso não tem necessidade de um motor. Os mundos nele contidos são infinitos (inumeráveis); todos se movem por um princípio interno, que é a própria Alma do Universo. Estes corpos giram em razão de sua própria alma, movimento interno. O primeiro princípio, quieto e imóvel, porque perfeito, dá aos inumeráveis mundos o poder de se movimentarem, tendo cada um a razão da mobilidade e da mudança.

O movimento possui dois princípios ativos: um finito e outro infinito. O primeiro em razão do objeto finito que se move no tempo (inumeráveis mundos, imperfeitos); o outro, que age segundo a razão da Alma do Mundo (movimento), ou seja da Divindade, que está em tudo. Também a Terra e todos os corpos que se movem possuem dois movimentos. Considerar tais corpos movidos por um Poder Infinito é o mesmo que considerá-los não movidos “porque mover num instante e não mover é a mesma coisa” (princípio passivo do movimento, quietude). O princípio ativo existe no tempo e na sucessão dele mesmo; é diferente da quietude. A partir desses dois princípios, Bruno conclui que o Criador move todos os corpos e dá a possibilidade de movimento a tudo. 61

O atributo da inteligência está ligado à criação do Universo e dos inumeráveis mundos, seguindo a trajetória do pensamento bruniano. Vida é o que anima o Universo e os mundos. A partir do movimento, não há separação entre matéria e espírito, pois existe uma única força e poder que a tudo anima.

Para Bruno, todas as coisas têm alma, por mais “defeituosas e imperfeitas” que se apresentem.62 A Essência Divina anima e dá vida a todas as coisas. O Criador é o Primeiro Princípio e a Primeira Causa. Tudo o que existe vem dEle, mas dEle se diferencia.63 A isso segue-se uma “ordem de prioridade” (de acordo com a natureza ou segundo a dignidade) à qual os cabalistas designam por Atributos de Deus (ou Sephirots), que exprimem a Eternidade, a Extensão Infinita e a Substância.

Como definir então esses atributos?

De acordo com os cabalistas, a Eternidade gera o tempo, que pode ser compreendido como passado, presente e futuro; a Extensão Infinita dá origem às medidas de comprimento, largura e profundidade, que definem o espaço, e a substância reflete a matéria e os seus estados sólido, líquido e gasoso.64 Estabelecendo uma correlação entre a Tradição Judaica e a Teologia Cristã, podemos considerar que a Eternidade, a Extensão Infinita e a Substância compreendem, respectivamente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Podemos estabelecer a mesma relação, a partir da Filosofia bruniana, quando consideramos O Infinito, O Universo e os Mundos, que podem ser identificados com o tempo, com o espaço e com a matéria. Consideramos, portanto, que, na Filosofia expressa por Giordano Bruno, em O Infinito, o Universo e os Mundos, encontramos pontos convergentes com a Tradição Judaica e com a Teologia Cristã.65

Para Bruno, o Criador está presente no mundo mas não se confunde com ele:

“Afirmamos que Deus é o primeiro princípio, porquanto tudo o que existe vem depois dele, seguindo uma certa ordem de prioridade e de posteridade, ou de acordo com a natureza ou segundo a dignidade. Dizemos que Deus é a primeira causa, visto que todas as coisas se diferenciam dele, como o efeito se diferencia do que o efetua, e a causa produzida se distingue daquilo que a produz”
Encontramos nesta passagem a idéia de um Ser que age no tempo, no espaço e na matéria e ao mesmo tempo está acima de tudo isso: Imanente e ao mesmo tempo Transcendente. Um ser de quem “não se pode dizer nada maior.” 66

(61) Id., O infinito, o Universo e os Mundos, 1978, p.24.
(62) Id., A causa, o Princípio e o Uno., p.14 - “... não existe nenhuma coisa, por mais defeituosa, corrompida, pequena e imperfeita que seja, que, pelo fato de ter o princípio formal, não tenha alma, mesmo que não possuísse o ato exterior que designamos como o nome de animal.”
(63) Id. ibid., p.48
(64) F.V. Lorenz, Cabala – A tradição esotérica do Ocidente, pág. 38-39.
(65) Indicado na página 13 – Capítulo 1 – Cosmologia.
(66) Id., A Causa, o Princípio e Uno, p.48.


retirado: http://www.library.com.br/cosmologia/pg003.htm

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