ZEN DICAS & MUSICAIS

CIRCULO ZEN,

Sejam bem vindos ao ZEN DICAS & MUSICAIS.


Apresentamos teorias, informações, previsões, profecias e idéias que devem ser vistas apenas como caráter especulativo. Não queremos doutrinar, afirmar ou convencer ninguém..

Tento colocar um pouquinho de cada coisa que gosto de estudar. São assuntos diversos muitas vezes que nem sei de onde peguei, mas são temas aos quais me identifico. Se o autor de algum texto deparar com ele escrito aqui, não se irrite, ao contrário, lisonjeie-se em saber que alguém admira seu pensamento.

Não há religião superior à verdade, o importante é a nossa convivência de respeito mútuo e amizade, sempre pautados na humildade, no perdão e na soliedaridade.

Autoconhecimento, Filosofia, Espiritualidade, Literatura, Saúde, Culinária, Variedades..

Tudo isso acompanhado de uma Zen Trilha Sonora com muito Alto Astral.



“Citarei a verdade onde a encontrar”.
(Richard Bach)


ZEN DICAS & MUSICAIS.
VIVA O AGORA !
NAMASTÊ.

NUNCA PERCA A CURIOSIDADE SOBRE O SAGRADO!

Albert Einstein

circulo zen

31.1.10

A LINGUAGEM DO EU SUPERIOR


A Linguagem do Eu Superior

Palestra proferida por Ricardo Maffia


Agradeço ao Carlos Eduardo pelo convite e a possibilidade que me dá de pelo menos na segunda sexta-feira de cada mês desenvolver este trabalho aqui na Sociedade Teosófica.

Parabenizo o nosso irmão Tiago - eu acho que os gandharvas sentem falta de música; e para nós, dá um clima, estreita mais os laços. Parabéns e obrigado. [referindo-se ao piano tocado durante a confraternização, antes da palestra]

O tema, o Eu Superior, é um tema muito abstrato, quer dizer, é um tema mais intuitivo neste sentido. Muito já se escreveu a respeito do Eu Superior, haja vista os livros de Annie Besant, Leadbeater, de Jinarajadasa, do próprio Taimni, enfim, de grandes autores.

Antes de propriamente entrar neste assunto, eu gostaria de falar alguma coisa sobre a Sociedade Teosófica, já que na semana que vem vai ser aniversário. Eu me sinto à vontade em falar porque já participei de outras organizações esotéricas, enfim. Existem organizações extremamente sérias que estão em atividade, e que devem ser respeitadas. Mas a minha experiência, eu estou falando, no caso, baseado na minha experiência - é a minha opinião pessoal, portanto, não significa que seja verdade o que eu estou dizendo, pode ser a minha verdade -, como ensinamento, como conjunto de conhecimento, eu nunca vi nada igual como a Sociedade Teosófica. Como conjunto de conhecimento, como conjunto de ensinamento, realmente eu nunca vi nada igual.

E hoje, eu sou até suspeito de falar, porque além das palestras que eu faço na Sociedade Teosófica, eu tenho meus eventos, eu tenho meus cursos fora, enfim; mas realmente, hoje, em que existem vários movimentos esotéricos que são bons para as pessoas na própria busca, enfim, eu vejo a luta que os teosofistas fazem para divulgar a Sociedade Teosófica e, justamente os obstáculos que eles enfrentam. Isto não é novidade. Desde a época da fundação da Sociedade Teosófica, a madame Blavatsk, todo mundo, Sinnett, Olcott, enfim, o próprio Leadbeater, todo mundo tinha uma dificuldade imensa para desenvolver o trabalho teosófico. Por quê? Porque é um trabalho genuíno. Então, naturalmente, tudo o que vem para transformar, para modificar, vai de encontro a uma lei que é a própria lei da física - a inércia, a resistência para se transformar.

Então, graças a Sociedade Teosófica, hoje, umas série de outras organizações - eu não estou errado nisto, estou sabendo o que estou falando - que divulgam os Mestre de Sabedoria graças à iniciativa de madame Blavatsk e Henry Steel Olcott. Eu nunca vi nada igual no mundo.

Portanto, eu vejo o trabalho do pessoal da Loja Liberdade, o carinho, a dedicação e a abnegação; o Carlos Eduardo, dr. Carlos Vieira, há anos trabalhando, a dona Aneris, a Rose, a Bete, que hoje não está aí, e de outros membros de outra Lojas Teosóficas que se dedicam e lutam com uma dificuldade que não é fácil. Então, quando chega numa sexta-feira, e a gente encontra o público, todos participando, e é de coração ... eu fiquei observando com a minha noiva aquela confraternização, é de se sensibilizar.

Então, era isso que eu queria começar falando. É que eu me sensibilizei, eu queria falar da Sociedade Teosófica que ...

[comentário do Carlos Eduardo:]

As falas do Ricardo podem dar a impressão de que ele não é membro da Sociedade Teosófica; mas ele não só é membro, como é um membro "chique", porque ele é da Loja de Londres. Então, ele fala com este ar internacional e com conhecimento de causa.

Obrigado. Eu sou da Teosófica da Inglaterra.

Realmente eu estava até comentando com a minha noiva com relação à edição do Mundo Oculto, quando eu tive, sei lá... os riscos que os Mestres correram ao botar as mãos nas Cartas dos Mestres, lá no Museu Britânico, e as maravilhas que os Mestres escrevem e que passaram para nós. Nunca vi nada igual. Se alguém descobrir alguma coisa pode falar; eu acho muito difícil.

É uma organização que não exige praticamente nada de ninguém; é uma organização que antes de mais nada deixa todo mundo muito à vontade. Isso que é bonito.

Bom, para falar a respeito do Eu Superior, eu queria dedicar esta palestra ao Mestre Kut Humi. E, para falar a respeito do Eu Superior, antes, eu gostaria de ler um trecho que eu já li em uma das palestras e que eu sempre leio nas minhas palestras. Eu acho um texto importante, é do Rudyard Kipling, um franco-maçom da Grande Loja Unida da Inglaterra que morava, no caso, na Índia. Ele fala homem aqui, mas em benefício da exposição, onde estiver homem subentende-se homens, mulheres, enfim.

Porque, por exemplo, eu vejo que o nosso estudo, a senda do discipulado, como bem coloca o sr. Leadbeater, a sra. Besant , e outros grandes escritores teosóficos e outros grandes ocultistas, que o objetivo do desenvolvimento iniciático, o objetivo básico, seria nós começarmos a liberar, primeiramente, as energias do nosso Eu Superior (primeiramente não significa que seja fácil ), manifestarmos nossos princípios de Eu Superior, para depois, numa evolução ulterior como mônadas, como bem fala o próprio Jinarajadasa.

Mas nós sabemos que cada um de nós tem uma história de vida, cada um dos que estão aqui presentes, eu, cada um de nós, tem uma história de vida. Cada um de nós tem as suas lutas diárias, tem os seus sucessos, tem as suas tristezas, tem os seus desafios. Cada um tem uma história, e quando vem numa reunião teosófica, naturalmente, esta história vem junto; e esta confraternização que acontece, esta união de laços fraternais que se dá, naturalmente faz com que nós possamos subir de nível em termos de consciência, nos desligarmos um pouco, justamente, do peso do dia-a-dia ou dos problemas que nós temos no dia-a-dia. Então, consequentemente, (falando tecnicamente) o nosso corpo astral vibra numa esfera superior, numa oitava superior, a que vibra normalmente, o nosso corpo mental, enfim... e começamos a ter uma comunicação num outro nível. Só que depois, acaba a reunião, nós nos fortalecemos aqui; voltamos e, no dia-a-dia, nós voltamos a enfrentar a realidade diária, no caso, com seus desafios, com as nossas tentativas, com nossos acertos, com nossos erros, com nossas vitórias, com nossos tropeços. O que tem a ver isto com o Eu Superior?

Porque, ao teosofista, ao místico, ao esoterista, ao espiritualista, enfim, não importa como nós possamos definir o nome, na medida que nós vamos nos conhecendo, vamos percebendo os nossos acertos, os nossos erros, na medida que nós vamos expandindo a nossa consciência, ou colocando em ação princípios importantes nossos, nós nos fortalecemos mais para o dia-a-dia.

Eu acredito... acredito não, o que nós lemos, o que nós aprendemos é que o treinamento para o aspirante ao discipulado, o discipulado enfim, é de o indivíduo se fortalecer para fazer frente aos desafios do dia-a-dia, resolvendo estes desafios com genialidade, e ter a capacidade de servir melhor a humanidade. A princípio, de uma forma instintiva, e depois, ulteriormente, a partir do momento que ele se conscientiza, de uma forma consciente, e que esta consciência vai se expandindo a cada vez que ele se aproxima desta realidade interna que nós chamamos de Eu Superior.

Só que neste texto do Kipling, muitos conhecem o texto do Kipling, eu acho extraordinário porque eu vejo que isto é uma vivência de Eu Superior. Então, antes de dar prosseguimento à palestra, eu vou sugerir ( isto cada um fique à vontade ) que enquanto eu for lendo aqui, pensem que cada um esteja em comunhão com seu Eu Superior, e que saiam mais fortalecidos na medida que se aproximam mais deste poderoso, deste Deus interno nosso, que possamos ser capazes de fazer mais frentes às dificuldades do dia-a-dia, aos desafios do dia-a-dia, levar luz onde há ignorância, e poder inspirar as pessoas a também descobrirem, justamente, a sua própria riqueza interior, e expressar esta riqueza interior no dia-a-dia.

Então, vamos lá; prestem bem atenção. Eu estava analisando os textos do Kipling, tem tudo a ver, em outras palavras, com o que nós estudamos em teosofia, estudamos em rosa-cruscianismo, não importa que nome nós possamos dar para qualquer segmento de estudo, e tem a ver com esta fonte que nós chamamos de Eu Superior.

SE

Rudyard Kipling

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma
Quando os outros os perdem e te acusam disto;

( É fácil isto? Quantas vezes as pessoas saem de reuniões espiritualistas e perdem o bom senso e a calma. Eu por exemplo, já perdi várias vezes, não vou mentir para vocês. )

Se és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam,
E no entanto, perdoares por duvidarem;

Se és capaz de esperar sem perder a esperança,
E não caluniares os que te caluniam;
Se és capaz de sonhar sem que o sonho te domine,
E pensar sem reduzir teu pensamento a vício;

Se és capaz de enfrentar o triunfo e o desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores;
Se és capaz de ouvir a verdade que disseste
Transformada por velhacos em armadilha a ingênuos;

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira,
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas;
Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perdendo, começar de novo teu caminho,
Sem que ouça um suspiro aquele que anda a teu lado;

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos,
E fazê-los servir quando já quase não servem,
Sustentando-te a ti quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que te diz: "Enfrenta!"

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno,
E de passear com reis conservando o teu mesmo;
Se não podem abalar-te amigo ou inimigo,
E não sofrem decepção os que contam contigo;

Se podes preencher todo o minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada;

Se assim fores, a terra será tua,
Será teu tudo que nela existe,
E não receies que te roubem;
Mas, ainda melhor de que isto,
Se assim fores,
És um Homem, meu filho!

Este texto que faz com que a pessoa se apoie numa convicção extrema, com discernimento; não convicção maluca, supersticiosa, não; convicção com discernimento. Isto mostra, justamente, a manifestação de uma tríada. Tríada que nós tanto falamos em teosofia - atma, buddhi e manas. Esta vontade que fala, Se és capaz... Por exemplo, a pessoa quebrou a cara (desculpem a expressão) ou na parte profissional, ou na parte familiar, não importa em que...

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres num lance corajoso, alheio ao resultado, e perdendo, começar de novo o teu caminho, sem que ouça um suspiro aquele que segue ao teu lado.

E mais ainda:

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos, e fazê-los servir quando já quase não servem, sustentando-te a ti quando nada em ti resta, a não ser a vontade que te diz: "Enfrenta!"

O que é isto? Isto é atma.

Eu sempre falei de atma, quis falar sempre de atma. Dava o seguinte exemplo: derrepente, nós estamos com uma série de dificuldades, não vemos saída, e derrepente, nós sentimos uma força que recebemos não sabemos de onde, nos fortalecemos, enfrentamos obstáculos, superamos obstáculos e realizamos o objetivo; prova que isto é atma. Mas este exemplo para mim fica mais significativo de atma: enfrenta apesar da dificuldade toda. E mais, com discernimento. Ora, discernimento é buddhi, que é outro aspecto da tríada superior nossa - atma, buddhi e manas. Ora, manas, no caso, não é a mente concreta, é a mente abstrata. Então, quando nós unimos, (unimos em benefício da exposição) quando a pessoa começa a manifestar esses princípios superiores, atma, buddhi - que dá esta compreensão, discernimento - e manas, o que ocorre?

Manas superior, manas abstrato, é justamente aquele ponto do nosso ser que derrepente, nós estamos vendo um determinado problema, não vemos a mínima saída ou solução para aquele problema, pensamos cartesianamente, ficamos lá matutando como nós podemos resolver o problema, olhando do mesmo nível o problema, não conseguimos ver saída para o problema. Isto, nós estamos utilizando o quê? A nossa mente concreta. (eu estou falando na linguagem teosófica) A mente concreta é justamente as informações que nós recebemos em nossa formação de vida, as informações que nós recebemos do mundo, a nossa criação, a nossa educação, e todo o nosso atavismo, ou seja, tudo que está em nossos genes, a nossa predisposição de como pensar, o eu neural que nós falamos, as associações, enfim, as cognições. Isto é mente concreta.

Agora, mente abstrata é o gênio. Mente abstrata é justamente quando nós estamos vendo o problema... eu falo problema porque na vida do dia-a-dia temos uma série de desafios, então nós estamos olhando o desafio e pensando em resolver este desafio com as informações da nossa experiência, só que chega um determinado momento que a gente não consegue sair daquilo. Ora, quando esses princípios começam a se manifestar, o atma envia uma energia tão poderosa para buddhi; buddhi faz com que (isso na linguagem teosófica) nós intuamos algo relacionado àquela questão e pensamos abstratamente, e geramos um modelo ou uma forma de resolver aquele desafio. Então, isso seria o quê? Esta tríada em ação, esta tríada que está no texto do Kipling. Tríada que leva o indivíduo a ter percepção; tríada que leva o indivíduo a ter discernimento; tríada que leva o indivíduo a perdoar - o que é difícil, não é fácil perdoar -; a entender, mas ao mesmo tempo, a não perder a dignidade, a ter a sua dignidade, a sua auto-estima, se conscientizando e vendo a si próprio como ser divino em manifestação, num processo, num caminho de desenvolvimento, e que fatalmente vai pegar estes desafios pela frente.

Então, eu queria iniciar praticamente a palestra com essa abordagem do Kipling e fazendo relações com isto. Porque de nada adianta o indivíduo se dedicar ao esoterismo, se ele sempre se afastar deste princípio superior. É o afastamento deste princípio superior que leva o esoterista, o teosofista, o espiritualista a continuar cometendo enganos, a continuar prejulgando, a continuar fazendo falsos julgamentos, principalmente dele próprio, a continuar achando que não vale absolutamente nada, que é uma pessoa que não é capaz, que é uma pessoa que não tem as sua condições de colocar em ação seu potencial interior na vida do dia-a-dia e fazer feliz a humanidade ou trazer mais luz à humanidade.

Então, quando nós nos afastamos deste princípio superior, nos continuamos... nós eu falo em benefício da exposição, o indivíduo continua envolvido pelos véus, como nós falamos, não de Ísis, e sim de maya, de ilusão. Por exemplo: O que seria o indivíduo, creio eu, que está conectado com seu Eu Superior, vamos dizer assim, um Iniciado? Quando ele se relaciona com uma outra pessoa, ele pode perceber a personalidade da pessoa, a máscara, mas ele tem a percepção real da pessoa. Isto é a verdadeira clarividência, aquele sentido profundo da pessoa.

Você me corrija. Por exemplo, existe uma prática, eu não sei se é da Raja-Yoga, enfim, que é chamada de sanayama ( eu não me lembro a palavra exata ), que fazia o seguinte: o indivíduo meditar em objetos, por exemplo em uma planta; meditar no conteúdo desta planta (isso na minha linguagem) e naturalmente o indivíduo vai desenvolver uma perspicácia, uma percepção profunda que ele vai conseguir perceber as qualidades que estão presentes em tudo, em todo o mundo material, cujo objetivo final é de perceber a divindade presente em tudo. É uma dessas práticas de meditação.

Ora, falar em Eu Superior, linguagem de Eu Superior, por exemplo: o sir Eduard Kelly e John Dee. John Dee foi astrólogo da rainha, isso em mil e quinhentos e pouco, a data não me lembro exatamente, eles desenvolveram uma linguagem chamada de linguagem loquiana, e o John Dee escreveu um livro chamado A Mônada Hieroglífica. Essa Mônada Hieroglífica, essa obra do John Dee, ele dava verdadeiramente a linguagem arcangélica. Ora, mas na realidade, essa linguagem loquiana ou arcangélica, que muitos diziam que era uma linguagem remanescente dos atlantes, na verdade, uma linguagem de extremo poder, na verdade, faria com que o indivíduo se conectasse através dessa linguagem ao seu anjo guardião. Por exemplo, a Golden Down, a ordem da aurora dourada, uma grande organização mágica do século passado, final do século passado, na Inglaterra, que até mantinha contatos com a Sociedade Teosófica, com a madame Blavatsk, eles tinham essa linguagem loquiana que é uma linguagem que também foi associada à práticas cabalísticas. Eu tenho esta linguagem loquiana. É uma linguagem intrincada, uma linguagem profunda e complexa, e tem a ver com a verdadeira linguagem arcangélica e linguagem de nós estabelecermos, ocasionarmos estados alterados de nossa consciência. Mas, como sendo uma linguagem de grande poder, naturalmente ela tem perigos.

Ora, por que eu estou falando isso com relação à linguagem loquiana? Por que uma coisa é nós utilizarmos, justamente, determinadas ferramentas para nos aproximarmos do Eu Superior, porém, com consciência; outra coisa é querermos nos aproximar do Eu Superior sem o mesmo sentido do que ele significa. Por exemplo, tem um outro tratado antigo, que agora foi editado, foi lançado em português já há algum tempo, mas na Inglaterra, foi já desde o século passado - A Magia Sagrada de Abra Merlim , em que o indivíduo invocava através de um trabalho prático, cabalístico, o seu anjo-guardião . Então, ele era obrigado a ficar praticamente seis meses se dedicando, num isolamento, a trabalhos profundos de reflexão e meditação, até que chegava um determinado momento em que seu anjo-guardião se manifestava e o orientava.

Isso vai de temperamento de cada um. Agora, de nada vai adiantar nós sabermos de práticas cabalísticas, nós sabermos de uma série de outras práticas, se não houver, vamos dizer assim, a chave para aquilo lá. A chave é justamente o que a Sociedade Teosófica passa para nós; é nós irmos diretamente no abstrato, e tentarmos deste abstrato, com segurança, tirarmos justamente a inspiração necessária, a orientação necessária oriunda do nosso Eu Superior.

A linguagem do nosso Eu Superior é uma linguagem íntima, é uma linguagem particular a cada um. A voz da consciência, ou a voz do silêncio, que tanto a madame Blavatsk fala, na verdade, tem a ver com nosso Eu Superior. Cada um ouve essa linguagem de acordo, vamos falar teosoficamente, com seu raio. Então, o indivíduo de primeiro raio tem um contato com o Eu Superior de uma forma peculiar; o indivíduo de segundo, de uma outra forma, e assim vai. Cada um manifesta o contato com a divindade de acordo com o seu temperamento. Cada um procura o contato com a divindade, busca esse contato com a divindade, de acordo com o seu temperamento. Não existe um padrão para todos, e sim, de acordo com seu temperamento.

E nós podemos ser levados, através de uma série de técnicas meditativas, a estabelecer o contato com a divindade, como nosso Eu Superior. Só que a partir dessa aproximação desse sanctum que existe dentro da gente, nós vamos desenvolver o nosso próprio método, a nossa própria vivência com nosso Eu Superior. Então, nosso Eu Superior não é a voz moral da nossa consciência. Talvez, a moral do Eu Superior seja a moral para a moral dos homens, porque ela é muito mais profunda. O próprio Mestre Kut Humi, no livro do Eliphas Levi, Paradoxos da Sabedoria Oculta, em nota de rodapé, ele fala o seguinte: que a visão que o ser humano tem de bem e do mal é diferenciada do Mestre de Sabedoria porque o Mestre de Sabedoria está com sua consciência polarizada nesses princípios superiores, não na personalidade; ou seja, não na mente concreta.

Geralmente, o que acontece com a maioria das pessoas ao julgar uma fato exterior? Nós (nós em benefício da exposição) utilizamos o quê ? A nossa mente concreta, não é verdade? Nós prejulgamos (nós em benefício da exposição), as pessoas prejulgam baseadas nas informações que elas recebem dos outros. Ou seja, na realidade, a maioria das pessoas... é a mesma coisa que boi ou gado quando vai para o abate, ou seja, estão dormindo; como o próprio Cristo falava: "Desperta tu que dormes"; ou Gurdjieff que fala que o indivíduo está adormecido. O ser humano é uma máquina, uma máquina que acaba não tendo a verdadeira consciência, ele simplesmente reproduz ...

[falha na gravação]

... nos levar a um salto quântico que é justamente este contato com os princípios superiores. Derrepente, as pessoas acabam ficando enroscadas nas informações da mente concreta (eu não estou falando de informação esotérica, qualquer tipo de informação) e a pessoa acaba ficando padronizada, e segue aquela vida, naquele padrão de vida, sem ter possibilidade de uma expansão maior, a menos que queira ou a menos que receba um choque de fora que a faça acordar.

A mente concreta leva a pessoa a pensar de forma condicionada, e é por isso que nós acabamos vendo em nossas próprias vidas, em alguns trechos de nossas vidas que estão...

[falha na gravação]

... não conseguimos mudar, quer na área financeira, quer na área afetiva, não importa qual área da vida, uma determinada parte da vida da gente que a gente não consegue mudar, está havendo um processo puramente...um processo de pensar condicionado, e o carma está lá fazendo com que se repitam experiências...

[falha na gravação]

... Jung fala que o indivíduo só evolui através do sofrimento. Eu fiquei pensando: Poxa vida! Mas vem a teosofia e o espiritualismo, e nos oferece uma ferramenta extremamente importante para nós evitarmos [???] ou pelo menos uma parte dele.

Então, o que eu quero dizer é que eu prefiro evitar, na medida do possível, o sofrimento através das experiências das pessoas que sofreram, do que, com toda a coragem e dedicação, eu falar: eu estou sofrendo porque eu estou evoluindo. Não tem lógica, não é verdade? Por exemplo, pela nossa ignorância, ignorância que eu digo, não é ignorância de coisas absurdas, é não termos conhecimento de determinadas coisas diárias da vida, é normal nós acabarmos sofrendo através de tentativas, de acertos e erros. Porém, se nós pegamos a experiência de outras pessoas e tentamos ver como elas agiram daquela forma, nós vamos evitar sermos surpreendidos. Isso seria o quê? Mente concreta, não é verdade? Estamos pegando uma experiência de outra pessoa, então, nosso manas inferior está dizendo a que veio. Correto? Está dizendo a que veio, estamos aproveitando...

Só que além destas informações que nós recebemos de manas inferior de uma forma correta, nos podemos nos entregar a verdadeiros processos meditativos voltados para o Eu Superior e começarmos a ter os insights . Só temos insights se nós nos entregarmos a um processo de meditação diária, não importa qual seja o processo. Só vamos ter insights através de um processo meditativo. E como o próprio Taimni fala: a nossa meditação, ela não pode ficar restrita àquele horário nosso de meditação, ela tem de se estender. Como? Vou sair meditando? Não. Mas o que acontece? Não importa o tipo da meditação desde que seja ...

[falha na gravação]

... problemas familiares, problemas emocionais. Tem gente que tem problema emocional na família e não muda; problemas com parentes. Trazemos problemas, isso e aquilo, aquela coisa toda. Vamos mudar os nossos parentes? Nós podemos até inspirar a mudança. Isso praticamente ninguém tem; é uma raridade. Não é pessoal?

Mas nós podemos nos transformar no sentido de através do nosso veículo áurico, ou veículos áuricos nossos, a saber - etérico, astral e mental, sendo uma ponte de expressão do nosso Eu Superior onde nós estivermos; derrepente, essas pessoas podem ter lá seus insights. Não é verdade que quando o Mestre de Sabedoria está numa determinada região do planeta... se o Mestre de Sabedoria ficar aqui em São Paulo e um dia passar por aí, (é em benefício da exposição que eu estou falando) a humanidade, naquele dia, vai ter um dia melhor; ninguém vai entender porquê, mas vão sentir algo diferente.

Conta-se que o Cristo ... o próprio sr. Leadbeater fala (estou passando tudo para o Leadbeater agora) que a aura do bodhisattva Maitreya, normal... eu sempre falei disso mas eu vou falar da alma do ser humano comum: A aura do ser humano comum (que não é o nosso caso) é mais ou menos ... compreende o etérico, o astral e o mental, é mais ou menos esta distância* da periferia do corpo [*um palmo]. Ser humano comum, não é o ser humano que está se dedicando aos ideais superiores. Eu falei não é o nosso caso, não é no sentido irônico não; verdadeiramente. Porque de sexta-feira, nós estarmos aqui, ouvindo eu falar, ou outro falar; falando sobre teosofia, pensando em teosofia, pensando no bem estar da humanidade, não pode ser comum. Não significa que isso seja orgulho nosso, não. Comum no sentido do pensar comum. Então, a aura do ser humano comum é isso.

A aura do bodhisattva Maitreya, o normal, em estado de repouso, abrange uma área de 150 km. Então, por isso que um ser desses quando expande a aura, envolve o mundo. Um Mahatma, quando bota a sua atenção numa determinada região do planeta, ele passa energia. Quando ele bota atenção no discípulo, ele potencializa, o Mestre potencializa o contato do discípulo com seu Eu Superior. É lógico, o Mestre de Sabedoria não vai potencializar o contato do discípulo apenas Mestre-discípulo, o Mestre de sabedoria vai fazer com que o contato do discípulo com seu Eu Superior seja expandido. Porque o objetivo do Mestre de Sabedoria é encaminhar, proteger, inspirar, defender o discípulo, mesmo que ele não o saiba; desde que seja um discípulo que esteja lá se dedicando, tudo, enfim. Inspirar ao discípulo, contatar ou expandir ou se aproximar mais do seu Eu Superior é fundamento e treinamento básico do Mestre de Sabedoria.

Portanto, nós, em nossas famílias, podemos através de nosso conjunto áurico, na presença, na nossa casa, desde que nos dediquemos, justamente, a meditar, a pensar no Eu Superior, não apenas como em teoria, pensar, refletir no Eu Superior como uma vivência, como um fato, como um ato diário que não pode ficar restrito àqueles quinze, vinte minutos de meditação, e sim, ato diário - atos.

Se lembramos, sem ficarmos neuróticos ou ansiosos, se lembrarmos que é esse Eu Superior que nos inspira, é esse Eu Superior que pode nos fortalecer em cada ato, em cada palavra ... Lembrando da palavra do João: "No principio era o verbo, e o verbo estava com Deus." A nossa palavra ser com verbo em nosso dia-a-dia, consequentemente o que vai acontecer? Nós vamos estar fazendo o que o Taimni fala - uma meditação as vinte quatro horas do dia. Ou o que o Kipling fala - "Se podes preencher todo minuto que passa com sessenta segundos de tarefa acertada." Isso é meditação, não é? Nós estaremos o quê? Sendo mais conscientes.

O que ocorre conosco, com as pessoas; a pessoa fala: Cada vez que eu vou naquele lugar, alguém me provoca e eu perco a cabeça, mas hoje não. Aí, a pessoa se condiciona, pensa, medita e vai; entra no lugar, a pessoa se envolve e tal, alguém provoca ... perde a cabeça de novo. Ou: Eu ajo sempre da mesma forma quando eu sou desafiado, por mais que eu tente eu não consigo. O que acontece ali? É porque, embora nós estamos bem intencionados de resolvermos um desafio, há a necessidade de uma dedicação diária, contato com o Eu Superior, reflexão voltada ao eu Superior; além da meditação...

[falha na gravação]

Eu tenho certeza absoluta que se nós, naqueles momento de meditação, escolhermos justamente aqueles assuntos, ou aquelas características que nós queremos melhorar em nós, e vermos essa resultante no dia-a-dia, e pedirmos com sinceridade, de coração para o nosso Eu Superior, o que vai estar acontecendo? Nós estamos fazendo um processo mágico. Por quê? Porque ao pedirmos de coração, nós estamos imaginando; não é verdade? Então nós estamos formando o quê? O que se diz, uma tela mental ou uma visualização criativa com convicção, sem conflito algum.

Quando nós pedimos com intensidade há conflito? Por que tem coisas na vida da gente que a gente não consegue realizar? Por que há conflito. Quando nós pedimos para valer, não há conflito algum. Então, estamos colocando em ação a nossa imaginação e a nossa convicção. E se a nossa convicção estiver baseada, justamente, em algo progressista com relação a nossa vida, com relação a nossa parte interior ...

[falha na gravação]

...justamente o campo de manifestação do Eu Superior intervir. Por que ele não intervém em determinados pontos nossos? Porque nós não deixamos ele intervir, e porque ele não vai querer criar um desequilíbrio psicológico em nós e forçar uma situação, ele não entra em ação ali; ele só vai entrar em ação ali quando nós quisermos.

Então, na medida, depois de nós fazermos a nossa meditação diária, nós olharmos aqueles pontos que nós queremos que se manifeste de forma mais contundente, de forma mais assertiva em nossas vidas, eu tenho certeza absoluta que ele irá nos ajudar. E na medida que nós nos aproximamos deste ponto, ou acreditamos mais, temos mais convicção do centro, do ponto dentro do círculo, que é justamente o nosso Eu Superior, o que vai ocorrer? Toda essa convicção de diversas áreas, ou melhor, voltadas para diversas características do nosso ser que nós queremos que se manifeste, nós vamos começar a perceber a resultante na vida do dia-a-dia, trazendo retorno de coisas que nós tanto ansiávamos sem conflito, e achávamos que era nosso de direito. Não importa o que seja nosso direito, que seja bom para nós e bom para o próximo.

Vocês já perceberam que quanto mais nós nos desrespeitamos, mais nós encontramos pessoas que nos desrespeitam? Parem e pensem; reflitam um pouco. Quanto mais nós mentimos para nós mesmos... quando nós afirmamos: Eu não sirvo para nada; eu já dei o que tinha que dar; nós estamos falando uma mentira extraordinária. Somos seres divinos, como é que nós vamos falar uma coisa destas? Quanto mais nós mentimos para nós mesmos, vocês já viram, verificaram, que nós encontramos pessoas que começam a mentir, derrepente encontramos um monte de "artistas" pela frente. É verdade ou não é? Quanto menos nós nos amamos, mais dificuldades nós temos em encontrarmos pessoas que realmente nos amem; não apenas no sentido afetivo, em termos de amizade, e sim pessoas que mais nos desprezam e ignorem.

Tudo isso tem a ver com o núcleo da auto-estima. Só que se nós ficarmos com o núcleo da auto-estima, nós vamos ficar só nisso também. Tem algo mais por trás. Se nós ficarmos só com a atenção na auto-estima, na parte psicológica, nós estamos lidando com efeito. Efeito é mente concreta, carma. O instrumento do carma é o manas inferior. O instrumento do carma não pode ser o atma nem o buddhi nem o manas superior, e sim, o manas inferior que é o instrumento do carma. Quando a gente repete um velho padrão de pensamento, significa que nós não superamos aquilo lá. E na medida que nós repetimos esse padrão de pensamento, nós vamos ter ali, nos desafiando em circunstâncias da mesma natureza daqueles pensamentos que nós temos.

Então, ora, se nós, através da meditação, acreditamos que existe Deus dentro da gente, que nos ama, falando dessa forma, que é todo o poder, toda a sabedoria, enfim, toda a consciência, e que, se nos aproximamos desse poder predispostos a receber essa ajuda porque somos divinos e merecemos essa ajuda... não apenas falar que nem papagaio: Meu Deus, eu mereço essa ajuda. Tem muita gente que fica falando: Eu mereço essa ajuda. Mas... papagaio. Que ajuda quer? Tem de ter a convicção que somos seres divinos; e quando realmente temos esse insight, nós estamos falando a linguagem dele; porque é isso que ele quer de nós. A linguagem dele significa: nós aceitamos essa condição. E ao aceitarmos definitivamente essa condição, não apenas da boca para fora, e sim através de uma mobilização interior, ele se aproxima de nós e pode fazer ainda mais do que ele faz. E aí, consequentemente, aí vem a auto-estima melhor. Porque, estamos atuando aonde? Na tríada superior. Estamos colocando uma atenção mais profunda; estamos começando a perceber que muito do que acontece conosco é resultado dos nossos pensamentos, e principalmente, dos nossos atos repetitivos. Quando mudamos isso, Eu Superior se manifestando, mais nos amamos, não no sentido egoísta, nos achamos dignos, nos achamos capazes. Só que além de termos esse bem estar, nós queremos esse bem estar para o nosso próximo. É isso que vai diferenciar, e é isso que leva, justamente, o indivíduo à trilha do discipulado.

Então, quando eu pensei em desenvolver essa palestra, A Linguagem do Eu Superior, era justamente vendo fenômenos, pessoas que a sua maneira desenvolveram essa linguagem, causaram transformações em sua própria vidas; haja vista os livros que nós temos aí, as pessoas que escreveram e o resultado da vida delas.

Então, eu vou encerrar repetindo para o pessoal que chegou depois, novamente, se vocês me permitirem, esse trecho do Kipling. E peço novamente, sugiro, para quem quiser, enquanto eu for lendo, pensar que tudo isso é qualidade, é força e poder que está sempre dentro de nós, sempre querendo se manifestar - é o nosso Eu Superior.

[releitura do poema]

Eu encerro aqui. Eu vou me prontificar ( eu sei que esse texto é conhecido ) a dar um jeito, se eu não vier na semana que vem, mas trazer e entregar para o Carlos várias cópias desse poema. Porque eu acho extraordinário, quando a gente está em dificuldades, a gente olha isso daqui, olha o que o Kipling falou, ...vamos continuar, enfim, isso nos dá força. E se nós pegarmos Aos Pés do Mestre, nós vamos ver que ali se fala a mesma coisa. Se pegarmos Luz no Caminho, a mesma coisa. Se pegarmos A Voz do Silêncio, a mesma coisa. Luz no Caminho: "Nenhum homem é seu amigo, nenhum homem é seu inimigo, todos são seus instrutores." É extraordinário, mas eu quero ver no dia-a-dia - caiu ... uma pancada: Não, ele é meu instrutor. É duro não é?

Pergunta: Eu gostaria que você comentasse a respeito da seguinte frase: Quanto maior o pecador, maior é o santo.

Por exemplo, você já viu a madame Blavatsk (viu é uma forma simbólica de falar) nos livros, o temperamento dela, o que ela fazia? Tinha gente que ficava com os cabelos arrepiados. Mas como! A madame Blavatsk fazendo isso, fazendo aquilo. Porque o Mestre estava mais interessado na essência da pessoa e na capacidade de realizar da pessoa. Não adianta a pessoa adotar uma postura de santo e não fazer mal para ninguém, mas também não realizar absolutamente nada. Ou seja, eu falei sempre essa palavra, eu não sei quem falou isso daqui, não sei se foi o Roosevelt que falou: "Me apresente uma pessoa que nunca errou e ali eu vou indicar uma pessoa que nunca tentou fazer nada na vida." Ou seja, os Mestres, na realidade, estão mais interessados em pessoas que façam. Obviamente isso não pode servir de desculpa para a pessoa que realiza; vai sair "pecando" por aí desbragadamente. Mas sim, uma pessoa que tenha possibilidades de ter consciência dos seus altos e baixos, das sua quedas, mas uma pessoa que realize.

Pergunta: Você falou do Eu Superior. Nos mandamentos do rabino [?] : "Amar a Deus sobre todas as coisas." Deus habita dentro da gente. Tendo aquele amor profundo você transforma tudo...

Entendi. É, "Ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." Aí que está.

Pergunta: Essa frase deveria ser renovada. "Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo." não é uma frase tão boa porque todo mundo se ama, é lógico. Então: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo assim como Deus vos ama.


Perfeita essa conclusão da senhora, extraordinária. Muito obrigado pela luz que a senhora derramou sobre nós.

Mas na questão psicológica, "... e ao próximo como a ti mesmo.", é que na verdade, nós só temos a capacidade de amar o nosso próximo verdadeiramente ... ( isso é psicológico, não é extrapolação ) nós só temos a verdadeira capacidade de amar o nosso próximo, sempre baseado justamente na capacidade que nós temos de nos amar. A nossa capacidade de nos amar é a capacidade de amar ao nosso próximo. E mesmo que ela possa ser ínfima ou grande, não importa qual é o tamanho dela, o que o bodhisattva, o Cristo afirmou é que, "ame ao próximo como a ti mesmo." Não é fácil, na questão do perdão. Aliás, muitos interpretam o perdão, o indivíduo ficar dando a cara para bater e ficar... Nós podemos por exemplo, se começar a fazer confusão aqui dentro, ele pode entender, e o entendimento leva ao perdoar, mas não significa que tem de deixar, dar espaço para a confusão continuar. Por que aí se torna o quê? Uma omissão; não é? O perdão na realidade é a compreensão. Mas não significa ... Nós podemos ter compreensão, mas aquele que cometeu o erro pode não ter. Então aí existe a restrição. Só que, como diz no Luz no Caminho, cada vez que o indivíduo perdoa, por essa união, como o próprio Milton falou, que todos nós estamos ligados, nós elevamos em um grau a humanidade, e até aquele próprio indivíduo. Porque mesmo que ele possa não ter a compreensão exata do que ele fez, o que nós vamos passar para ele vai fazer com que seus veículos sutis, etérico, astral e mental, possam ser um pouco mais aliviados e através disso o Eu Superior dele possa se aproximar mais da própria vida dele. Então, nós somos responsáveis pelo fato do conhecimento que nós temos.

Pergunta: Quando alguém tenta te assassinar e você vai e se defende, e acaba assassinando o outro. Num caso desse, como que fica?

Olha, por exemplo, eu vou te responder de outra forma porque cada caso é um caso. Se vai lá os combatentes numa guerra ... a vida, tem de haver o quê? Um equilíbrio. Tem algumas organizações iniciáticas que colocam um prumo com símbolo para haver esse equilíbrio. Nós temos de ter o equilíbrio. Se formos para uma guerra como soldados, entrarmos num tiroteio, vem um monte de gente dando tiro para cima da gente, a gente tem de se defender. Quer dizer ... entendeu? Depende muito da situação. É muito difícil nós respondermos a isso daí. Mas se vier uma turbamulta para cima de você te dando tiro e não tiver como, você vai se defender. Não é? Porque senão, nós caímos para o fanatismo. E fanatismo significa a mente inferior sem ter o quê? Possibilidade de uma expansão. Nós temos de ter compreensão com relação ao próximo, com relação a nós mesmos e com relação à realidade daquele momento também. Então, isso se chama discernimento, que é o Eu Superior que nos dá.

Pergunta: Eu já conhecia esse poema mas nunca tinha prestado tanta atenção como hoje. Mas eu vi que de ponta a ponta, o autor, ele estica muito o trabalho com o ego. Porque eu acho quase impossível, pelo menos para mim no momento atual da minha vida, conseguir um trabalho tão perfeito para se chegar a esse nível. A cada momento, a cada parte, a cada estrofe, a cada oração, o que está em jogo (eu senti isso) é justamente o trabalho com o ego. É extremamente difícil porque estar calmo quando os outros perderam, e acusar, é o mesmo que enfiar um garfinho no seu ego. Então, é como trabalhar mais profundamente o ego, pelo menos no meu ponto de vista, até aonde eu aprendi as coisas, eu acho que soou para mim justamente esse trabalho com o ego, que é extremamente difícil.

É claro, aqui está em termos absolutos. Na verdade se nós formos pegar esse texto, nós poderíamos encaixar esse texto num Mahatma, num Mestre de Sabedoria, ou quase lá, num Arhat, um ser de quarta iniciação. Mas esse texto, eu vejo ele como extremamente motivador. Aí que está a questão.

Porque eu percebo que hoje em dia a gente fala de auto-motivação, a gente fala de pensamento positivo, de uma série de coisas; mas se nós formos pegar por exemplo a literatura teosófica, ela é extremamente motivacional, justamente colocando links com princípios superiores. Obviamente, o que se que colocar... Por exemplo, a Sociedade Teosófica, ela foi muito envolvida por uma linha oriental, embora o objetivo dela seja global, seja universal; por exemplo: "mato eu o inferior", vamos analisar o que significa matar o eu inferior; porque se nós matarmos o eu inferior nesse sentido, e interpretarmos negativamente, nós vamos pegar todo o nosso conhecimento, até da própria Sociedade Teosófica e jogar tudo fora. Quer dizer, nós vamos nos alienar completamente. Na verdade, significa o quê? Não sermos envolvidos, justamente, pelas nossas paixões, pelos nossos instintos, nós estarmos acima deles. É fácil isso? Absolutamente não. Mas como acreditamos que o indivíduo evolui, e temos uma senda evolutiva aí, sem uma data predeterminada aí pela frente, o que nos resta é o seguinte: Eu tenho certeza que na nossa vida nós aprendemos mesmo nos erros, e se nós formos olhar a nossa vida de hoje para trás, nós vamos ver que a nossa evolução foi numa espiral e que se caímos, caímos num nível superior àquele tombo anterior; se adquirimos consciência, nós nos reforçamos.

Isso daqui seria o ideal. Um ideal que mostra que teve gente que já acertou. A mesma coisa quando você vê os Mestres de Sabedoria, teve gente que acertou. Como é que eles existiram? Pela nossa própria experiência, e pela experiência que se inspiraram em seus ensinamentos e que contribuíram muito para o mundo. Mahatma Gandhi por exemplo.

Ora, o que vai ser isso daqui? Como um ponto de apoio, que não vamos partir com o espírito de onipotência que pode dar isso como acontece com o indivíduo quando entra para o esoterismo: Eu não posso errar; e aí, entra na culpa, cada vez que erra, ele entra na culpa. Não, ele também tem de se perdoar e perceber que ele está em evolução, mas o que importa e que ele tenha consciência, consciência mesmo nos momentos, justamente, dos erros dele, que faz parte do seu próprio crescimento.

Então, isso daqui seria um ideal a ser perseguido, que vai fortalecendo na medida que o indivíduo vai enfrentando os desafios. Mas ele não pode pegar isso no sentido pleno, ou seja: Eu vou realizar isso em uma vida. Pode, mas cada um é um.

Pergunta: [?]

Eu penso assim, por exemplo, o que nós aprendemos aqui não entrando no dogma em si, mas nós percebemos que pela experiência daqueles que já passaram por aqui, eu falo por aqui, a Sociedade Teosófica ou qualquer outro lugar, e contribuíram para a humanidade com seus sucessos, isso daqui pode nos ser útil, justamente a não cairmos nos mesmos erros pelos resultados e contribuições que nos deram, que é o caso aqui.

Pergunta: [?]

Fica com você de fazer a sua parte para levá-las até essa luz; comigo, cada um a sua maneira. Essa é a função de estarmos aqui. Aí, essas palavras não vão ser vazias, elas vão ter conteúdo. Cada vez que eu falo em Eu Superior e vejo tudo isso lá fora, se eu não colocar lá fora aquilo que eu aprendi ( que eu gosto, que eu amo ) aqui dentro, elas vão ser palavras vazias. Essa é a nossa função, é por isso que estamos aqui. Não é só para recebermos a "salvação" ou sermos discípulos de Mestres; o que é legal, eu por exemplo, eu gostaria de ser um discípulo de Mestre. Eu tenho lá minha convicções, não tenho nada contra não. Não é? Eu gostaria que os Mestres me dessem uma mãozinha; também não tenho nada contra. Agora, não é só para isso que estamos aqui. Eu acredito que se nós realmente nos imbuirmos desse ideal em comum a todos, nós vamos poder dar respostas de forma não teórica, aqui dentro, ou de ficarmos filosofando; mas sim, práticas lá fora.

A resposta está em você, não está em mim. Está em mim também a minha maneira.

Pergunta: [?]

Olha, eu entendi a sua colocação. É o seguinte ... como ele também colocou.

Tem muita gente que não tem o conhecimento esotérico ou espiritualista, mas age de forma extraordinária lá fora. Contribui, não é? Por exemplo, tem pessoas evangélicas, católicas, ou simplesmente pessoas que apenas acreditam em Deus, ou simplesmente pessoas que apenas acreditam na raça humana, que os atos deles, muitas vezes, deixa muito esotérico lá para trás, com todas as teorias dos esotéricos.

Então, a questão aqui, nós estamos aqui para nos motivar. Eu sou espiritualista, eu só tenho que acreditar numa egrégora que está entrando em mim, senão não tem lógica (isso, eu), e ao mesmo tempo, aquilo que nós vivenciamos, empregarmos lá fora, em nossas vidas.

[comentário do Carlos Eduardo]

Antes de encerrar o assunto, eu queria lembrar a vocês, complementando o que o Ricardo já falou sobre a Sociedade Teosófica: (que está de aniversário a semana que vem)

Existe uma importância histórica no surgimento de Helena Blavatsk no mundo ocidental, ela que é russa - como dizem as más línguas - "uma doida russa"-, veio para o ocidente e revolucionou o pensamento ocidental. Helena Blavatsk foi a última grande reformadora daquilo que a gente chama de ocultismo. O ocultismo, na época que ela chegou, era uma prática, um tipo de estudo dominado pelo pensamento francês, que vinha desde a idade média com o mesmo padrão dos cabalistas, dos astrólogos, dos alquimistas e nada mais do que aquilo. Ela deu um perfil que levou para o resto da humanidade, e não apenas para os eruditos e os especialistas, os benefícios desse contato com essas ciências, com esse pensamento superior que é uma tradição do oriente e do ocidente. Então, a Sociedade Teosófica foi o canal dessa grande revolução, dessa grande reforma. Isso é uma coisa muito importante.

As contribuições como a do Ricardo, como a de outros tantos que vêm aqui falar sobre aspectos variados do pensamento ocultista; que vêm falar sobre as suas próprias pesquisas, sobre investigações em área filosófica, religiosa, do misticismo em geral; ou, às vezes, que vêm falar sobre jornalismo, sobre ciência e outras atividades humanas, tudo isso mostra o alcance que o conceito do ocultismo atingiu após essa revolução promovida por Helena Blavatsk.

Apesar da Sociedade Teosófica ser uma entidade de dimensão pequena em número de membros no mundo inteiro, apesar de o número de teosofistas ser relativamente restrito no mundo todo, talvez hoje sejam vinte, vinte e cinco mil pessoas em todo o mundo que são membros efetivos da Sociedade Teosófica, a contribuição da Sociedade Teosófica e dos primeiros teosofistas, que são os grandes reformadores para o resto do mundo, afetou 2/3, talvez 3/4 da humanidade sem que se tenha consciência plena desse grande efeito.

Então, complementando o que o Ricardo falou, essas pequenas mudanças que a gente vê, essas pequenas repercussões no dia-a-dia, elas podem parecer pequenas, mas elas, na verdade, podem mudar a vida de uma pessoa, de uma comunidade inteira. Uma mudança de abordagem como essa que o Ricardo está propondo hoje, como uma reflexão sobre essa intuição, esse Eu Superior, ela pode realmente mudar não só o indivíduo, ela pode mudar o mundo, pode mudar a história da humanidade. A gente nunca sabe.

Alguns indianos, na antigüidade, diziam que uma palavra errada poderia destruir toda uma aldeia alguns séculos depois. Uma indelicadeza mal colocada, poderia gerar um massacre. Então, da mesma forma, um pequeno passo na direção da verdade, um pequeno passo na direção da perfeição, pode levar ao aperfeiçoamento de toda uma comunidade, de toda uma nação; quem sabe, do mundo inteiro.

Que isso sirva de estímulo para a gente, para ninguém pensar que o seu esforço é pequeno.

O esforço de cada um de nós é sempre muito grande.

retirado: http://www.teosofia-liberdade.org.br/index.php/arquivos/artigos/44-artigos/72-a-linguagem-do-eu-superior.html

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