ZEN DICAS & MUSICAIS

CIRCULO ZEN,

Sejam bem vindos ao ZEN DICAS & MUSICAIS.


Apresentamos teorias, informações, previsões, profecias e idéias que devem ser vistas apenas como caráter especulativo. Não queremos doutrinar, afirmar ou convencer ninguém..

Tento colocar um pouquinho de cada coisa que gosto de estudar. São assuntos diversos muitas vezes que nem sei de onde peguei, mas são temas aos quais me identifico. Se o autor de algum texto deparar com ele escrito aqui, não se irrite, ao contrário, lisonjeie-se em saber que alguém admira seu pensamento.

Não há religião superior à verdade, o importante é a nossa convivência de respeito mútuo e amizade, sempre pautados na humildade, no perdão e na soliedaridade.

Autoconhecimento, Filosofia, Espiritualidade, Literatura, Saúde, Culinária, Variedades..

Tudo isso acompanhado de uma Zen Trilha Sonora com muito Alto Astral.



“Citarei a verdade onde a encontrar”.
(Richard Bach)


ZEN DICAS & MUSICAIS.
VIVA O AGORA !
NAMASTÊ.

NUNCA PERCA A CURIOSIDADE SOBRE O SAGRADO!

Albert Einstein

circulo zen

3.10.08

ENCARNAÇÃO - A MAIOR AVENTURA DO ESPÍRITO



ENCARNAÇÃO - A MAIOR AVENTURA DO ESPÍRITO


01

O espírito do seu próprio mundo, ou seja, dentro da realidade espiritual pode praticar milhares de atos que não são compreendidos pela razão humana, que por isso os considera como super poderosos. O espírito pode volitar, se locomover com a velocidade do pensamento, plasmar objetos, etc. Enfim, pode realizar diversas coisas que o ser humano considera sobre naturais.

Mas, tudo isso que o espírito pode fazer, para eles, não possui este valor assombroso que o ser humanizado confere. Para os seres da erraticidade são atividades infantis…

São atividades consideradas banais, como o é para um adulto o fato de uma criança aprender a somar dois. É assim, porque os adultos já sabem dividir, multiplicar e executar outras atividades aritméticas. Da mesma forma, para os espíritos que comumente realizam tal atividade, que vocês consideram o ápice do conhecimento espiritual, é banalidade.

No entanto, há algo que para o espírito tem um valor imenso, uma atividade que é cercada de uma complexidade imensa: a encarnação.

A encarnação é um momento aguardado ansiosamente por um espírito. Quando de posse de sua consciência espiritual, o ser universal valoriza profundamente esta atividade e reconhece nela uma ação de alto grau de complexidade. Isso porque a encarnação é sempre a provação final de um estudo além do fato de que só ela pode conceder atestado de promoção espiritual para o espírito.

Por mais que um espírito no mundo espiritual, estude, conheça as coisas, sem a encarnação ele não recebe o atestado da evolução espiritual. É por isso que essa, a encarnação é a maior aventura para o espírito.

Para que vocês tenham noção da importância da encarnação para o espírito, posso fazer uma comparação. O espírito que vai encarnar é como o ser humano que se prepara para um concurso estudando e encontra na hora de fazer a prova a realização de toadas as suas aspirações.

Então esse é o primeiro detalhe que nos mostra a grande importância da encarnação. Por isso dissemos: encarnação, a maior aventura do espírito. É a maior porque apenas a encarnação pode certificar que o espírito aprendeu no mundo espiritual as lições que lhe foram ministradas por seus mestres.

02

Já explicamos porque a encarnação é a maior aventura do espírito; agora vamos entender o que é encarnação antes de falar na aventura em si…

Encarnação é uma palavra do planeta terra que, à grosso modo, significa vir à carne. Apesar de ser esta a idéia que os humanos fazem da aventura do espírito, na verdade a encarnação não se trata de habitar um corpo físico humano. O que determina uma encarnação é uma mudança conscencial do espírito, uma mudança de consciência do espírito.

Durante toda a eternidade o espírito vive entre dois mundos ou entre duas consciências. A primeira é a sua própria consciência, a sua consciência existencial espiritual, que nós vamos chamar de consciência primária do espírito.

Ela determina a Realidade da vida do espírito. É com essa consciência espiritual que o espírito vive naquilo que nós chamamos de vida espiritual e ali faz seus estudos se preparando para as futuras encarnações ou alterações de consciências. Durante a alteração de consciência um novo conjunto de verdades se forma e o espírito ligado a elas não tem acesso às informações que estão em sua consciência primária.

Em resumo, posso dizer que o espírito vive a sua vida com a sua consciência primária realizando “estudos” naquilo que é conhecido como mundo espiritual. Quando encerra uma fase de estudos se liga a uma nova consciência e vai executar provas sobre os temas estudados para ganhar o atestado da elevação espiritual.

Este é o processo chamado de encarnação. Ele acontecerá pela eternidade da existência do espírito, ou seja, durará o resto da existência espiritual. Além disso, este mesmo processo é valido para todo o Universo. Ou seja, em todos os “planetas” existem espíritos que estudam determinado assunto universal de posse de sua consciência espiritual e posteriormente se liga a uma nova consciência transitória para realizar a provação do que estudou.

Por isso comecei dizendo: entender encarnação como vir à carne é uma idéia do planeta terra. Em marte, Júpiter e no planeta mais distante da última galáxia existe encarnação, mas não existe carne. Apesar de não existir em outros planetas a matéria carne, como a dos seres humanos, em todos os planetas do Universo e por todos os tempos espíritos criarão novas consciências, às quais se ligarão temporariamente, que servirão como prova para obtenção de um atestado de elevação espiritual.

Isso é uma encarnação, isso é a grande aventura do espírito: executar essas provas.

Se anteriormente chamamos a consciência do espírito de consciência primária, podemos agora definir ou nomear a consciência utilizada para a realização de provas como ego.

Resumindo, então, podemos dizer que o espírito vive na sua consciência primária estudando junto com os mestres do Universo e durante determinados período se liga a um ego para realizar provações com a finalidade de receber o atestado da elevação espiritual.

Esta é a definição de encarnação… Nada tem a ver com carne, com ligar-se a uma matéria carnal… Encarnação é a ligação a uma nova consciência que servirá como instrumento de provas para que o espírito evolua.

Participante – A existência espiritual tem um fim? Chega a um ponto em que o espírito se estabiliza e para de se ligar a um ego par a receber esse atestado.

A existência espiritual é eterna e é voltada exclusivamente à busca da elevação espiritual. Sendo assim, o fato de um dia deixar de ligar-se a um ego temporário não existe… Sempre haverá um ego, mesmo quando a encarnação não envolver matéria carnal como conhecida por vocês.

O processo de evolução do espírito jamais acabará porque o Universo é um constante processo evolutivo de aproximar-se de Deus, da Perfeição, sem jamais atingi-la, pois só Deus é Perfeito…

03

Continuando…

Porque que defini a encarnação como aventura? Vamos procurar o sentido da palavra no dicionário para podermos compreender esta minha definição…

Aventura – Empresa ou experiência arriscada. Acontecimento imprevisto, peripécia e como um terceiro item; ligação amorosa.

Empresa ou experiência arriscada… Isso, a encarnação é uma aventura para o espírito porque é uma empresa ou aventura com riscos.

A encarnação ou o fato de se ligar a um ego não traz garantia de aprovação para o espírito, não traz garantia de receber o certificado de aprovação. Ele precisa obrar durante a provação, ou seja, responder corretamente as questões para ser promovido.

Por isso a encarnação é uma grande aventura: ela é um salto para o desconhecido, um empreendimento carregado de riscos, carregado de oportunidades para falhar. Saber que a esta etapa da sua existência é uma aventura cercada de riscos é algo que precisa ficar bem claro para os espíritos para que a encarnação ou a vida carnal – agora já se dirigindo ao estado que vocês espíritos estão se apresentando nas provações atualmente – seja um sucesso.

Para o espírito a encarnação é uma atividade de risco. Mesmo que esses riscos sejam calculados, não podemos deixar de ter a consciência de que eles existem… Isso é fundamental compreendermos para nos conscientizarmos que o espírito precisa empenhar-se durante a encarnação ou a ligação com o ego para que possa retirar dela o fim que espera.

Resumindo: começamos falando que a encarnação é a grande aventura do espírito e porque ela é a maior. Depois explicamos o que é encarnação e agora acabamos de dizer que a encarnação é uma aventura com riscos para o espírito. Vamos, então, começar a entender quais são esses riscos para o espírito e entender ainda o que quis dizer quando afirmei que eles são calculados…

04

Mas quais são os riscos que o espírito corre durante a sua encarnação?

O Espírito da Verdade comunicou a Kardec que os espíritos não retroagem. Então, esse risco não existe durante a aventura espiritual. O espírito ao se desligar o ego estará sempre pelo menos no mesmo nível de consciência espiritual que tinha antes da encarnação. Esse é o primeiro detalhe.

Agora, se o risco de retroagir não existe, existe o risco de estagnar. O espírito pode voltar a sua consciência espiritual sem evoluir um milímetro se quer. Pode retornar a sua realidade, ao seu eu espiritual, sem conseguir nenhum avanço na sua progressão.

Esse é o risco que o espírito corre durante a aventura. Na verdade, como não há retrocesso, a perda, aparentemente, é pequena… Mas, apenas aparentemente, porque a não evolução durante uma aventura é um grande “prejuízo” para o espírito: a perda da oportunidade de elevação…

Perder a oportunidade de elevação: essa é a grande falência da aventura da encarnação…

A perda de uma oportunidade de elevação é trágica para o espírito não porque ele, por causa disso, é considerado “melhor” ou “pior” do que alguém, mas porque a ambição espiritual é sempre evoluir. Deixar de aproveitar uma oportunidade para o espírito é algo trágico, frustrante, como é para um ser humano que se prepara para um vestibular, estuda dia e noite e depois vê malogradas as suas intenções.

Portanto, existe na aventura do espírito o risco dele não evoluir. Mas, mesmo que ele evolua durante a encarnação há ainda outro risco: a possibilidade de evoluir menos que o esperado.

Quando o espírito se prepara para uma encarnação, ele se compromete consigo mesmo a alcançar um determinado resultado. O não alcançar esse resultado também é uma frustração que pode influenciar o espírito no retorno a pátria espiritual.

Então aí estão os riscos da maior aventura do espírito: o de não evoluir nada, estagnar e o de evoluir menos do que o esperado por ele mesmo. Todos os dois trazem ao ser universal a frustração de não ter aproveitado uma encarnação.

05

Participante – Mas não é estranha essa coisa de viver infinitamente passando por provas, não tem um fim nisso. Isso me assusta.

Então acho melhor você dar um tiro na cabeça… Falo assim porque a vida carnal também é assim: um constante processo de evolução…

Desde o momento que você nasce até o momento que morre carnalmente, está aprisionado a um processo constante de provações para evolução. O ser humano não descansa nunca. Mesmo na mais alta idade, ele está sempre atrelado a um processo de evolução: aprendendo novas coisas, novos conhecimentos para alcançar evolução.

No mundo espiritual é a mesma coisa… Só que a vida humana dura setenta ou oitenta anos enquanto que e a do espírito toda eternidade.

Participante – A imaginação pode nos ajudar nesse processo?

Não, atrapalha…

A imaginação é a presunção de querer saber. Querer saber alguma coisa atrapalha a quem quer aprender coisas novas.

Agora a imaginação da existência da vida eterna do ser, a imaginação de que você não é um ser humano, mas um espírito que está encarnado vivendo uma grande aventura, isso pode lhe ajudar, pois lhe colocará na sua real dimensão e trará novos valores para sua existência…

Participante – Você falou em se matar… Não faço isso porque sei que não vai adiantar, quero mudar minha consciência…

Na verdade quando falei em se matar, utilizei-me de uma figura apenas para chocá-lo…

O que eu quis, realmente, foi mostrar que este processo universal de evolução espiritual não é novidade para você, porque a vida humana, se levada a sério, é exatamente a mesma coisa. Se assim é, não adianta você fugir daqui e ir para lá porque vai ser a mesma coisa e não adianta fugir de lá e vir para cá porque também será a mesma coisa.

Participante – Diante do não retrocesso do ser, como fica aquilo que se fala de seres que retrocedem para o estado de ovóide. Ele não retrocedeu?

Neste acaso, uma encarnação não acabou…

O espírito que vive sob essas formas ainda está ligado à consciência de provas: ainda não voltou a sua consciência original, consciência espiritual. Por isso se diz que a encarnação ainda não acabou…

Veja como defini encarnação e como defini a questão do retrocesso. Eu disse que o retrocesso só poderia ser caracterizado como tal quando o ser retorna à sua consciência espiritual e não durante a encarnação.

O retrocesso só seria caracterizado se a consciência espiritual fosse “inferior” ao que era antes da encarnação. Neste caso, o ser teria retroagido… Mas, esses espíritos que você está falando ainda estão presos a egos como fantasmas. Portanto, estão encarnados.

Sendo assim, ainda não pode ser decretado um retrocesso. Um dia, quando acabar a encarnação e este ser voltar à sua consciência primária, com certeza estará também de volta à sua forma primitiva…

Você quer saber como se faz para verificar se um espírito ainda está encarnado ou não?

Participante – Sim…

Qual é o seu nome?

Participante – José…

Você está encarnado… O Espírito que está ligado à sua consciência espiritual não é José nem Maria, não tem sexo, cor, raça, religião ou qualquer outro traço que o distinga dos outros seres universais…

José é a encarnação de um espírito. São valores individualistas que estão numa consciência transitória para que o ser universal viva sua maior aventura: a encarnação…

Quando você se conscientizar que não é mais José com certeza estará de volta à sua consciência espiritual e com isso, podemos dizer que a encarnação está encerrada. Neste momento você vai retornar no mínimo aos valores que tinha antes de se achar José…

Agora enquanto você se achar José essa encarnação não acabou, porque é ela que se chama José e não o espírito…

Participante – É isso que acontece aos espíritos em forma de ovóides?

Eles ainda se consideram José…

Participante – Por que a forma de ovóides?

Forma é uma conseqüência dos sentimentos…

Na verdade, neste momento, não nos interessa saber o porque desta ou daquela forma. O importante é compreendermos que eles ainda se consideram José…

Participante – Existe um critério para que esses espíritos tenham a oportunidade de reencarnar. Quanto tempo eles vão permanecer nesta forma?

Para reencarnar eles tem que deixar de ser José. Ou seja, eles têm que “matar” o José para renascer na sua consciência primária para só aí poderem programar uma nova aventura.

06

Esse é o grande risco. Mas, como eu disse o risco da aventura espiritual é previamente calculado, é milimetricamente calculado. Vamos conhecer este detalhe da aventura do espírito…

Por que afirmo que os riscos da aventura do ser são previamente calculados? Porque as provas que o espírito vivencia durante a aventura são criadas pelo próprio ser. É ele que organiza o que irá vivenciar durante a aventura…

Vamos explicar isso…

Na escola você é obrigado a estudar o que o currículo escolar diz que tem que estudar. Você não pode escolher a matéria que vai estudar. Já na evolução espiritual, você tem a liberdade de escolher a matéria que vai estudar e tem, ainda, a liberdade de escolher dentre aquelas que foram estudadas as que quer fazer provações ou não.

Vamos dizer que na vida espiritual um ser tenha estudado uma determinada matéria. Digamos, ainda, que na hora de programar a sua aventura, este ser não se considere seguro com relação àquela matéria. Ela não fará parte da sua encarnação; ele não fará esta provação…

Então, o risco é calculado. E mais: calculado por você mesmo… Você, o espírito, de posse de sua consciência espiritual, organiza o a sua provação nos míninos detalhes para que a sua aventura não tenha um fim trágico.

Portanto, a aventura do espírito é realmente uma empreitada com riscos, mas estes riscos são os mesmo que correm um ser humano que busca atravessar uma mata desconhecida, subir uma montanha ou singrar mares nunca dantes navegados, mas que se prepara com tudo que é necessário para o bom sucesso da sua empreitada.

07

Mas, ainda falando de calcular os riscos da aventura, temos que nos lembrar que os espíritos de posse de sua consciência espiritual são autoconfiantes demais. Para fugirem de uma prova ou abrir mão de uma determinada provação é muito difícil. O espírito na sua consciência é “louco” por essa aventura porque como disse, a sua determinação é de evoluir e por isso ele se apega às provações com unhas e dentes querendo realizar de qualquer maneira o máximo para rapidamente dar um salto adiante.

Mas Deus, que como vimos em outros estudos não impõe nenhuma prova, não deixa isso acontecer. Através dos mentores orienta o espírito para que ele possa ter um objetivo na encarnação extremamente realizável. Comparando à vida carnal, posso dizer que Deus é como um professor que retira perguntas da prova quando sabe que o aluno não terá condições de respondê-las acertadamente.

Tal atitude divina, aliada ao livre arbítrio de escolher a matéria sobre a qual irá fazer provação, diminui sensivelmente o risco de se estagnar durante uma encarnação. Não garante a realização de objetivos, mas facilita alcançá-los.

Então a encarnação é uma aventura, ou seja, é uma empresa com riscos para o espírito, mas é uma aventura programada com todos os requisitos para dar certo. Primeiro porque é o próprio espírito que escolhe o que irá provar e segundo porque os mentores contem o afã do ser de querer aventurar-se alem daquilo que pode realizar…

07

Mas, ainda falando de calcular os riscos da aventura, temos que nos lembrar que os espíritos de posse de sua consciência espiritual são autoconfiantes demais. Para fugirem de uma prova ou abrir mão de uma determinada provação é muito difícil. O espírito na sua consciência é “louco” por essa aventura porque como disse, a sua determinação é de evoluir e por isso ele se apega às provações com unhas e dentes querendo realizar de qualquer maneira o máximo para rapidamente dar um salto adiante.

Mas Deus, que como vimos em outros estudos não impõe nenhuma prova, não deixa isso acontecer. Através dos mentores orienta o espírito para que ele possa ter um objetivo na encarnação extremamente realizável. Comparando à vida carnal, posso dizer que Deus é como um professor que retira perguntas da prova quando sabe que o aluno não terá condições de respondê-las acertadamente.

Tal atitude divina, aliada ao livre arbítrio de escolher a matéria sobre a qual irá fazer provação, diminui sensivelmente o risco de se estagnar durante uma encarnação. Não garante a realização de objetivos, mas facilita alcançá-los.

Então a encarnação é uma aventura, ou seja, é uma empresa com riscos para o espírito, mas é uma aventura programada com todos os requisitos para dar certo. Primeiro porque é o próprio espírito que escolhe o que irá provar e segundo porque os mentores contem o afã do ser de querer aventurar-se alem daquilo que pode realizar…

08

Participante – Mesmo sabendo que tudo é carma, fica difícil não pedir a Deus afasta de mim esse cálice.

Nós vamos chegar lá. Ainda vamos falar sobre isso.

Você pensa assim porque imagina saber o que é carma, mas não sabe o que é carma.

Participante – Este planejamento prévio é para espíritos mais evoluídos, não? Quando menos evoluídos não conseguimos avaliar corretamente aquilo que devemos realizar…

Não. O que falei vale para todos os seres do Universo que vivem esta aventura, seja na Terra ou em outros planetas. A criança da escola primária universal assim como o estudante graduado planeja o que quer provar.

Todos os espíritos planejam as suas provas. Não há diferenciação neste aspecto, como em nenhum outro, já que tudo que existe no Universo é universal.

Agora com relação ao não saber, realmente ele pode não ter uma noção global das coisas, mas sabe dentro do seu grau de compreensão das coisas universais e esta compreensão limitada é respeitada por Deus e pelos mestres.

Participante – Mas os mestres podem sugerir provas mais avançadas…

Não, não podem…

Se um estudante inicial sabe apenas ligar pontinhos para fazer desenhos, o que será pedido dele é que faça isso e depois colora os desenhos formados. Os mestres conhecem o que ele sabe e é exatamente isso que irão sugerir para que ele realize. Jamais será pedido a um espírito que esteja neste nível para fazer contas ou escrever palavras, mesmo que a realização destas provas possa ser considerada um avanço grande para o ser. …

Participante – Jesus veio a Terra porque quis passar por isso ou no caso dele é diferente?

Jesus veio a terra em missão, nós vamos falar disso depois.

Participante – Existe um carma coletivo? Por exemplo, alem do que planejei, eu nasci no Brasil onde uma série de experiências típicas deste povo/raça me facilitariam para a elevação?

Sim, existe e nós vamos falar disso…

Mas, por enquanto, sabia que mais do o carma de nascer no Brasil, existe o carma do planeta Terra. Você nasceu aqui neste planeta porque isso facilita a elevação de você, o espírito. Se assim não fosse, nasceria em outro lugar.

09

Agora o conhecimento sobre a grande aventura do espírito começa a ficar mais claro. Encarnar é ligar-se a uma consciência transitória ou ego com o objetivo de realizar provas ou cumprir missões que são previamente escolhidas pelo próprio espírito. Essas provas e missões trazem consigo o risco não da falência, mas da estagnação e ainda o de não se alcançar àquilo que se esperava. Estes riscos, no entanto, são calculados, medidos por Deus e pelos próprios espíritos.

Sendo assim, não podemos dizer que a maior aventura do espírito é inconseqüente. Trata-se, na verdade, de uma aventura muito bem planejada, onde nada acontece ao acaso e onde existem todos os equipamentos necessários para que o espírito chegue ao termo.

Essa é a aventura máxima do espírito. Como toda empreitada de risco é um salto no escuro, mas um salto extremamente seguro porque é totalmente planejado.

Mas, a segurança desta empreitada não acaba por aqui. Além do espírito escolher o que vai fazer e de ter esta escolha analisada por seres superiores que conhecem a sua capacidade, existem outros seres que ajudam o espírito a guiar-se durante a encarnação. São aqueles seres que vocês chamam de mentores, anjos da guarda ou qualquer nome que queiram dar.

Portanto, a aventura do espírito, na verdade, é como uma expedição em um parque de diversões onde tudo é extremamente monitorado para nada dar errado. Na verdade, o espírito está trilhando sua aventura crente que está andando pelos caminhos sozinho, mas nas sombras guias e mentores estão agindo para sempre lhe colocar nos trilhos pré escolhidos para que a aventura tenha bom sucesso.

Sendo assim, a aventura espiritual que nós começamos definindo como uma aventura de risco traz realmente riscos, mas é uma aventura totalmente controlada, onde existe sempre um socorro próximo e realizada com guias que vão à frente colocando placas indicativas do caminho a ser percorrido. A encarnação é, portanto, uma aventura totalmente guiada…

Mas, não confundam isso com amparo espiritual para as necessidades materiais. A encarnação é guiada para que essa aventura chegue a bom termo espiritualmente falando, ou seja, para que o espírito consiga realizar suas provações e possa, assim, alcançar a elevação espiritual e não para que o ser humano tenha conforto e prazer completo.

Agora, começamos a ter noção do que é essa vida. Começamos a compreender o papel das religiões, dos protetores, santos ou mentores. Começamos a compreender a essência da vida e o que acontece, vamos dizer assim, nos bastidores da vida.

10

Continuemos…

Apenas definimos anteriormente a encarnação como a união de um espírito com uma nova consciência temporária que chamamos de ego. Agora vamos entender isso. Vamos entender o que é esse safári, essa aventura que o espírito faz, ou seja, o que é se ligar a um ego, a uma nova consciência.

O espírito possui uma consciência espiritual como já falamos. Essa consciência está presa a uma realidade. A palavra “realidade” é fundamental para entendermos bem isso, portanto, vamos buscar o seu sentido no dicionário.

Realidade – Qualidade do real, aquilo que existe efetivamente que é real.

Ou seja, o espírito possui na sua consciência primária alguns elementos e quando se liga ao ego, aquilo que existe, que é real, para ele se transforma. Cria-se uma nova realidade…

É isso que diz quando se fala em adotar uma nova consciência: adotar uma nova realidade, novos conceitos, novas verdades, novos objetivos, novos padrões sobre qualquer assunto.

Então, a aventura do espírito consiste-se em alterar a sua realidade. Alterar a sua realidade espiritual para uma realidade transitória que servirá como provação para ganhar o certificado de evolução.

Essa é a aventura que o espírito vive durante uma encarnação. Ele altera a sua consciência, ou seja, altera a sua realidade para uma realidade transitória onde existam elementos que coloquem em prova tudo aquilo que estudou na erraticidade.

Isso é uma encarnação. Uma encarnação é espaço de tempo da existência eterna do espírito onde ele vive uma realidade temporária que é criada e montada pelo próprio espírito com o auxílio dos mestres e mentores e que tem o objetivo de servir de instrumento à provação dos conhecimentos adquiridos por este ser durante a época de estudos.

11

Mas, o que é essa provação? O que é estudado pelo espírito na erraticidade e que precisa ter o seu aprendizado provado durante a encarnação? Vamos falar disso agora.

A realidade universal é universalista. O que é que quer dizer isso? O Universo é como um quebra-cabeça gigantesco, formado por milhares de pecinhas que se fundem perfeitamente formando uma individualidade. Um quebra-cabeça como um todo.

Cada pecinha deste quebra-cabeça tem um desenho próprio. Este desenho, no entanto, sozinho de nada vale. A peça precisa se unir a outras para gerar o desenho maior, que é o único que possui por si só significado.

Essa a realidade do universo e é isso que todos os espíritos precisam alcançar nas suas evoluções. Cada espírito é uma peça do grande quebra-cabeça Universo que precisa fundir-se aos demais para que a sua existência tenha algum significado.

O contrario disso chamasse individualismo. Individualista é a pecinha que acha que o seu desenho individual é tão importante quanto o formado pelo quebra-cabeça montado. Ou seja, quando o espírito acha que não precisa ligar-se aos outros e encontra significado em si sozinho sem depender do ligar-se aos outros para existir…

Se o Universo é universalista, quando falamos de processo de evolução, falamos em abandono de individualismo para alcançar o universalismo. Sendo assim, a provação, que é o instrumento da elevação, consiste-se exatamente nisso: abandonar o individualismo e viver o universalismo.

O espírito durante a sua aventura encarnatória, ou seja, a fusão a um ego, a uma nova consciência, a novas realidades passará por provações onde deverá provar o seu universalismo, a sua capacidade de andar de mão dada com todos para o bem universal.

Por isso Cristo fala em universalismo. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é a síntese do universalismo, ou seja, da fusão perfeita de um espírito à sua comunidade espiritual.

Os graus de evolução espiritual são baseados na capacidade de conviver com o próximo de uma forma universalista, ou seja, livre do individualismo, do querer para si antes dos outros, do buscar a fama individual, do egoísmo… O espírito que vocês consideram menos evoluído não é o “mal”, mas o mais individualista; da mesma forma, os que vocês consideram mais evoluídos não são os “bons”, mas os mais universalistas.

Diante de tudo isso, que não sou só eu que digo, mas que está nos ensinamentos de todos os mestres, podemos dizer, então, que o ego existe para gerar realidades que submeta os espíritos a provas, ou seja, que submeta o espírito a provações onde ele opte entre o individualismo e o universalismo.

Um detalhe: como disse anteriormente, este processo é válido para todo Universo e existe por toda eternidade. Não se trata de uma exclusividade do planeta Terra…

Outro detalhe: o grau de individualismo que podemos chamar de individualismo zero é Deus. Abaixo Dele todos os espíritos, por menor grau que seja, possui individualismo. Por isso estão sempre ligados a ego para libertar-se de individualismo.

12

Se o ego ou a consciência transitória à qual o espírito se une é o instrumento da provação do que é conhecido pela consciência primária do espírito, ele precisa ser diferenciado da consciência espiritual. Mas, diferenciada em que sentido? Se a consciência primária contém valores universalistas, o ego tem que conter valores individualistas. Se não fosse assim, não haveria provações, não haveria condições de o espírito provar que aprendeu o universalismo…

Portanto, todo ego é menos universalista do que a consciência que o espírito tinha antes da encarnação. Ou melhor, é mais individualista do que a consciência que o espírito tinha antes da encarnação.

O ego é um conjunto de verdades transitórias que o espírito assume como realidades para provar o seu universalismo. A aprovação nesta etapa consiste-se no ser não se submeter ao individualismo que as verdades do ego criam e dizem que são reais.

Essa é a grande aventura espiritual. O espírito possuidor de uma consciência universalista aventura-se por terrenos individualistas com o objetivo de provar o seu universalismo. Para isso precisa não aceitar o individualismo proposto pelo ego.

Ficou claro agora o que é uma encarnação? Isso é uma encarnação… Nada tem haver com carne, com o planeta terra especificamente, com duração de vida, mas sim com o fato do espírito ligar-se a uma consciência transitória que cria verdades mais individualistas do que a sua própria consciência original.

Está vivendo uma etapa de provação é isso e, como ela não depende da matéria em si, mas do mundo das idéias, isso pode acontecer durante aquilo que vocês chamam de vida carnal ou até depois do desencarne ou morte.

Os espíritos que “vivem” naquilo que vocês chamam de umbral ou cidades espirituais são seres que ainda estão presos a uma encarnação. Muitos espíritos que estão em níveis que vocês chamam de superiores ainda presos a encarnações, pois estão presos à verdades individualistas geras por ego, ou seja, à ultima prova que fizeram e ainda não retornaram ao seu estado natural dentro do seu grau de evolução.

13

Participante – Demora muito para um espírito se desligar da sua vida carnal?

O que você chama de vida carnal é a vida no corpo e não a vida na consciência do ego, não é mesmo?

Participante – É…

Depende… O ligamento faz parte da provação… Tem espíritos que estão ligados a duzentos, quinhentos anos ao mesmo conjunto de verdades individualistas…

Tudo depende da provação…

Participante – Nossa, mas demora mesmo… E o Senhor, demorou a abandonar o seu?

Vocês não têm a menor noção da realidade, não é mesmo? Quando dizemos eternidade, estamos falando de um “tempo” que pode demorar apenas um piscar de olho…

O valor da medição do tempo existe apenas para vocês… Na verdade, para o espírito no Universo não existe tempo e, mesmo que existisse não teria o “tamanho” que vocês mensuram.

Lembre-se que a “duração” de um dia para vocês é o fruto da comparação daquele tempo com um ano, com uma década ou até mesmo com uma semana. Já para o espírito a comparação é sempre com a eternidade.

Sendo assim, mesmo duzentos mil anos é muito pouco…

14

Dissemos, então, que um espírito pode continuar encarnado, vivendo um período de provação, mesmo fora da carne. Ora, se a carne não é, então, o determinante do fato do espírito estar encarnado, como se reconhece um espírito ligado ao seu ego, ou seja, ainda vivendo uma aventura encarnatória? Simples, muito fácil: aquele que vivencia o individualismo como fundamento da vida…

Qual é a maior prova da existência de um individualismo? A existência de um “eu”. Enquanto o espírito tiver um “eu” (“eu sou isso, eu sou aquilo, eu gosto disso, eu gosto daquilo, eu pertenço a isso, eu pertenço àquilo”), ele estará vivendo uma etapa de provação e ainda não terá alcançado o retorno à sua consciência espiritual. Quando o espírito retorna à sua consciência espiritual, o “eu” sempre é trocado por “nós”.

Sendo assim, todo espírito que tenha razões fundamentadas em “eus” está encarnado; aquele que pensa coletivamente, sem se ver como uma individualidade separada do Todo, já se libertou da aventura encarnatória. Como disse, o espírito encarnado é como uma peça que valoriza a si mesmo dentro de um quebra cabeça. Já o espírito na sua consciência espiritual anula o valor da sua peça e só pensa no quebra cabeça como um todo.

Então, a grande aventura do espírito é caracterizada pela existência de razões que se fundamentam numa individualidade separada do Todo. Enquanto houver nos raciocínios houver a consciência da existência de um “eu” o espírito, não importa em que grau esteja, estará vivendo uma provação. Isso quer dizer que aqueles que estão nas cidades espirituais, mas que ainda se reconhecem por algum “eu”, ainda estão encarnados.

15

Esta compreensão nos leva à última coisa que preciso falar hoje dentro desta introdução do estudo da encarnação, a maior aventura do espírito: um ser pode viver uma encarnação dentro de uma encarnação. Ou seja, pode haver uma consciência espiritual que esteja ligada a um ego e que ao mesmo tempo aventure-se numa encarnação material, ou seja, viva outro ego.

Participante – Pode repetir…

Posso…

Um espírito que tenha a consciência de que ele é um espírito de luz chamado de José, Maria ou João, ou seja, de um “eu” individual, mesmo que não esteja ligado a uma carne, está encarnado…

Antes de prosseguir um aviso: que tenha esta consciência sobre si mesmo… Não falo de espíritos que criam nomes apenas para que vocês possam reconhecer, mas sim de seres que se distinguem como uma individualidade separada do Todo. O espírito que tem a consciência de ser alguém separado do Todo está vivendo uma encarnação, mesmo não ligado a uma matéria carnal, porque nas suas razões ainda admite a existência de um “eu”.

Esta encarnação é vivenciada fora do orbe terrestre físico, ou seja, naquilo que vocês comumente chamam de mundo espiritual e, sem terminar esta aventura, reencarnar ligando-se a um novo ego que pode chamar-se, por exemplo, de Antônio, sem que a ligação com este novo ego caracterize o fim daquela encarnação…

Só para facilitar a compreensão de vocês, vou falar em termos bem humanos: um espírito pode sair do mundo espiritual e vir para o mundo material, mas ainda estar vivendo uma encarnação que se caracteriza pela consciência de ser José… Mesmo existindo ainda a encarnação José, ele pode assumir uma vida carnal onde será Joaquim e, quando a aventura Joaquim acabar, voltar a ser José…

O fato de ele assumir a personalidade (ego) Joaquim para viver uma etapa da sua existência externa não quer dizer que a encarnação José acabou. Isso porque o que caracteriza o fim de uma encarnação ou o retorno à consciência espiritual é o fim de todos os “eu” e não o fim da matéria carnal.

Com isso fica mais clara a resposta que dei anteriormente sobre o caso dos ovóides… O espírito que está vivendo esta forma pode não estar mais ligado à personalidade ou “eu” que foi durante a vida material, mas ainda está ligado a uma personalidade individual, o que caracteriza a existência de uma encarnação…

Participante – É complicado…

Eu acredito até que seja para quem está preso à idéia de uma encarnação como ligação a uma matéria ou como viver uma vida carnal. Mas, encarnação não é prisão à matéria ou vivência de uma vida carnal. Encarnação é a ligação a uma consciência individualista, ou seja, a um “eu” o que pode acontecer estando-se ligado a uma matéria carnal ou não…

16.

Era isso o que nós tínhamos para dizer hoje para começar esse estudo. Amanhã vamos continuar e chegaremos à vida carnal propriamente dita.

Fiquem com Deus…

17

Vamos voltar a falar da grande aventura do espírito. Como falei na última palestra, o espírito pode fazer muitas coisas que vocês chamam de sobrenatural, mas para ele a coisa mais importante, a maior aventura, é a encarnação.

Depois começamos a falar da encarnação e a definimos como uma mudança de consciência. Nada a ver com “estar na carne”, mas sim uma condição onde o espírito abandona a sua consciência espiritual e se liga a uma consciência transitória que chamamos de ego e vivencia realidades criadas a partir das verdades desta consciência.

Dissemos, ainda, que a encarnação é uma aventura com riscos. Afirmamos que estes riscos são calculados e não acontecem por acaso ou por sorte ou azar. Afirmamos que são riscos medidos, calculados pelo próprio espírito e pelos seus mentores que analisam e estudam todas as possibilidades buscando fazer com que o espírito não entre em uma aventura sem ter todos os aparelhos de segurança sem ter a oportunidade de chegar ao término dessa aventura.

Foi aqui que paramos no final da última palestra…

18

Participante – Dá para entender a encarnação como se fosse apresentação de uma peça de teatro, onde o script, o roteiro está todo programado?

Sim, essa peça inclusive tem um nome: a divina comédia humana.

Participante – Temos apenas que seguir o programado. É isso?

Não, não pode segui-lo: obrigatoriamente seguirá o que está programado.

Agora, você pode valorizar ou não o que está programado. Tem um exemplo que eu tenho citado muito que facilita a compreensão sobre este tema. Uma pessoa que anda na rua e vem alguém e pega o dinheiro do bolso dele.

Para a grande maioria dos seres humanizados, isso é um assalto. Mas, se você já tiver conhecimento da lei do carma, dirá que tal acontecimento é um carma, não mais um assalto. Mas, se tiver alcançado uma compreensão maior sobre a encarnação, aquela que é fundamentada em uma relação amorosa entre você e Deus, dirá que é apenas o amor de Deus por você em ação.

A compreensão muda, sem mudar o acontecimento: nada mais de assalto, nada mais de carma, mas simplesmente amor como “interpretação do acontecimento”…

Portanto, se na peça da sua vida estiver escrito que alguém meterá a mão no seu bolso, isso acontecerá, mas o valor com o qual você viverá os acontecimentos depende do seu grau de elevação ou o seu grau de universalização.

Participante – Então, a diferença é atuar com amor ou não?

Sim…

Só que quando você atua com amor, o amor universal, o amor incondicional, as coisas mudam de valor para você. O assalto deixa de ser um assalto, um roubo, um ato de agressão e passa a ser um ato de amor.

Portanto, o ato vai acontecer como pré-programado, mas você pode vivenciá-lo com valores diferenciados.

Participante – Não há espaço para improvisos?

Só se Deus pudesse ser pego de calça curta…

Você acha que Deus pode ser pego de calças curtas, desprevenido? Claro que não… Então, não há espaço para improviso.

9

Bom, então vamos voltar ao nosso tema…

Como disse, a encarnação é o ato do espírito se ligar a uma consciência diferente e ela cria para ele uma realidade diferente do que é real. Vamos chamar neste trabalho essa realidade de ilusão ou como Krishna chama: maya.

Sendo assim, posso afirmar que o espírito ligado a uma consciência ego, não vive a realidade, mas sim ilusões, que Krishna chama de maya.

Mas, como dizer ao ser humanizado que ele não vive o que vive? Como falar isso para você, se olha para as paredes e acredita e tem certeza que elas são reais? Como isso se processa? Como a parede é criada ilusoriamente? É isso que vamos falar no começo da conversa de hoje.

Toda a realidade do espírito quando ligado ao ego é criada pelo processo raciocínio. Esse processo cria as realidades que o ser humanizado vivencia e que são os elementos da provação da encarnação.

Mas, estas criações não surgem do nada: elas fundamentam-se a partir de algo que vocês chamam de percepções. É a partir destes dois elementos que vamos, então, começar a conversar sobre a formação da realidade das coisas para o espírito encarnado…

20

A realidade começa na percepção, ou seja: na audição, na visão, no olfato, no paladar e nas sensibilidades que o corpo físico tem. Essas sensibilidades, tanto faz auditiva, visual, patativa ou do corpo, são descargas elétricas. São eletricidades, mas não deixam de ser fluido cósmico universal, porque tudo que existe é fluido cósmico universal.

Então, o ego recebe via corpo a partir dos olhos, do ouvido, do nariz ou da boca ou das sensibilidades do corpo, cargas elétricas ou eletromagnéticas que chegam a ele espírito. Depois que isso acontece, o ego (ou mente humana) vai raciocinar o conjunto de cargas elétricas que entraram pelos olhos, pelo nariz ou pela boca ou através do corpo.

A primeira parte desse raciocínio é a criação da realidade. No ego existem códigos que criam realidades através de um impulso elétrico. Ou seja, existem códigos que transformam determinado impulso elétrico em parede, chão, carro, verde, amarelo, etc.

Portanto, a parede não existe: o que existe é um impulso elétrico capitado pelos órgãos do corpo e levado ao ego e decodificado como parede. A parede é uma ilusão porque na verdade o que existe ali é energia.

É desta forma que se cria a primeira parte da realidade das coisas: o ego decodifica a energia elétrica percebida através do corpo, dando a ela forma, densidade e características. Com isso se criam os elementos e objetos do mundo material. É assim que um elemento espiritual (fluído cósmico universal) toma a aparência ilusória de um objeto ou matéria.

Mas, isso não vale apenas para os elementos ditos do mundo material. Mesmo naquilo que vocês chamam de mundo espiritual, os objetos e elementos deste mundo passam a existir da mesma forma: fluído cósmico universal que sofrem a ação de uma consciência cria uma realidade ilusória…

21

Participante – Todas as pessoas decodificam da mesma forma?

Não. Existem, por exemplo, os daltônicos, aqueles que ao invés de ver vermelho vêem verde.

Isso não se trata de doença, mas sim programações de decodificações diferentes. É uma programação diferenciada para criar realidades ilusórias.

Isso é só um exemplo. Quer outro? Tem gente que sente um paladar doce numa fruta enquanto outros que sentem paladar azedo na mesma fruta.

Participante – E com relação à matéria?

Você diz as formas grandes, como por exemplo, as paredes? Sim, essas quase todos vêem iguais.

Isso é assim porque há a necessidade de se confirmar a ilusão que se está percebendo… Se um percebesse uma coisa e outro outra, se saberia logo que a coisa não é real e com isso não haveria o exercício da fé…

Portanto, nesse ponto, todos vêem igual…

22

Posso dizer, então, que as percepções formam o palco da aventura do espírito ou o local de realização da encarnação. Esta verdade vale para qualquer coisa que você chame de matéria, pois o único elemento material do universo é o fluido cósmico universal. Se você não vê fluido cósmico universal, não está usando a consciência espiritual, mas sim decodificando um impulso elétrico.

Ou seja, não existe planeta, estrela brilhando nem o próprio Universo que você é capaz de ver. Tudo isso são decodificações de amontoados de fluido cósmico universal.

A partir desta verdade, a primeira coisa que nos salta os olhos é que não existe forma. Isso porque, o fluído cósmico universal é uma energia e este tipo de elemento não possui forma…

Você já viu uma energia elétrica?

Participante – A não ser quando há um curto circuito, quando há um clarão…

Neste caso, você vê o clarão, não a energia…

Energia não pode ser vista. Você está sendo bombardeado nesse momento por energia elétrica e não está vendo.

Portanto, se tudo é energia elétrica, a forma das coisas é uma codificação que está nos egos. Isso, como disse anteriormente, vale para todo o Universo. Mas, esta programação é individualizada por planetas…

Em Marte, por exemplo, existe uma “programação marte” e os espíritos que se ligam a egos, ou seja, encarnam em Marte, conseguem ver as coisas de lá. Mas, você espírito que está ligado ao ser humano da Terra, não é capaz de ver as coisas de Marte. Por quê? Porque o ego que está criando as suas realidades espírito não tem o programa para decodificar de acordo com as formas marcianas.

Quem trabalha com computador sabe muito bem disso. Para que você ouça, veja ou mexa em um programa ou arquivo precisa ter um programa que “abra” este arquivo. Se não tem esse programa de nada vale aquele arquivo…

É a mesma coisa: se o ego não tem embutido o programa de Júpiter, de nada vale você ir a júpiter que não vai ver de lá, mas apenas as mesmas imagens que conhece na Terra.

A partir desta visão, podemos, então gerar uma definição mais ampla para encarnação: encarnar é ligar-se a consciências temporárias que estão preparadas para codificar o fluído cósmico universal de acordo com o “mundo” em que o espírito vai realizar provações. É por isso que em O Livro dos Espíritos se diz que para realizar um dos objetivos da encarnação o espírito em cada mundo toma um aparelho em harmonia com a matéria essencial desse mundo.

Na verdade, este “aparelho” não é o corpo, a matéria carnal, porque esta matéria não existe, mas sim o ego com uma programação específica para criar realidades de acordo com as provações do espírito.

23

Participante – Existe matéria, mas não a matéria como nós vemos. É isso?

Existe, o fluido cósmico universal. Existe a matéria do universo. Mas, essa você não consegue perceber.

Todas as outras matérias que você consiga perceber não são reais, mas apenas ilusões, ou seja, criações do ego a partir de percepções da matéria universal…

Participante – Tem como alguém que já tem os programas da terra conseguir os de marte?

Nesse momento, não. Você pode receber por intuição de espíritos fora da carne algo sobre as matérias de outros planetas, mas nesse caso o que você recebe é uma interpretação terrestre do que é a realidade de Marte e não a própria realidade marciana. Você não consegue ver a realidade de Marte enquanto estiver ligado a um ego terrestre.

Para o futuro sim. Quando o universalismo for realidade, o ego humano terrestre estará apto a ver realidades de outros mundos, mas hoje não está. Hoje o que alguns podem é receber uma interpretação que seja decodificável por ele daquilo que é realidade em outros planetas.

24

Mas o ego não possui só essa característica que eu vou chamar de técnica: a característica de dar forma à energia universal. Ele também a capacidade de criar verdades ilusórias emocionais. O que quer dizer isso? Vamos ver…

O ego tem uma pré-programação de sensações que ele anexa às imagens que foram criadas através da decodificação da matéria universal em formas. Vou dar exemplos para ficar mais claro…

Você ilusoriamente acha que está num carro e que este está andando. Na verdade não está: isso é apenas o resultado de uma realidade ilusória criada pelo ego. Na verdade, você espírito está vivenciando um programa que cria a idéia ilusória de que você está num carro e que este está se movimentando em alta velocidade.

Esta é a parte do funcionamento do ego que já vimos. Agora, além dessa parte técnica existe a parte emocional: alguns egos estão preparados para neste momento criar a sensação de medo, a sensação de nervosismo e outros de criar a sensação de confiança, de tranqüilidade.

É disto que estou falando agora. Os egos possuem a capacidade de gerar realidades ilusórias através de formas, mas também geram sensações pré-determinadas de acordo com as provações dos espíritos. Na verdade ele não cria a idéia do carro correndo e você, o espírito, se sente nervoso, mas tudo é criação da consciência temporária que gera as provações do ser.

Trazendo esta visão para o dia a dia do ser humano pergunto: você não fica nervoso com alguém ou alguma coisa? Você fica chateado ou preocupado nessa vida? Não… O que está acontecendo na realidade? Existe um ego que através de uma codificação pré-programada o insufla a sentir-se nervoso, chateado ou achar que está com medo.

Você pode vencer o medo, pois ele não é seu. Você pode vencê-lo se reagir com confiança à sensação de medo, se reagir com fé à sensação de medo.

25

Participante – Vou usar o seu exemplo do medo, a pré-programação para que se tenha medo diante da velocidade. Como ela é mudada? Estou falando isso porque aconteceu comigo. A vida toda eu tive muito medo de velocidade de carro e de repente isso está mudando. Isso também é uma pré-programação? Está pré-programado que o medo iria até uma determinada fase e depois deixaria de existir?

Diga-me uma coisa: você perdeu o medo?

Participante – Estou dirigindo mais rápido sem o pavor que tinha.

Mas, perdeu o medo, ou o venceu? Ou seja, o medo veio e você não o mais? Não é isso?

Participante – É mais ou menos o que tem acontecido…

Veja: a pré-programação não muda, a não ser que a mudança esteja pré-programada. Mas, apesar disso você pode libertar-se dela. O ego continua lhe insuflando à sensação de medo, só que você se liberta do ego e não aceita mais a sensação que ele dá.

Participante – Confiança é fé também não é uma codificação do programa?

Não: sensação é uma coisa, sentimento é outra. A sensação é aquilo que o ego lhe impõe e o sentimento é aquilo com o qual o espírito vivencia a situação.

O ego pode dar medo, a sensação de medo, mas o espírito pode libertar-se desse medo, agindo com fé, com confiança, ou pode se escravizar a esse medo e ter medo porque o ego criou a sensação de medo.

Participante – Mas, a libertação do medo também não é pré-programada?

Não, a libertação do medo não é pré-programa; o fim do medo sim.

Veja, a sensações são pré-programadas, ou seja, elas vão continuar enquanto você estiver em provação sobre elas. Elas só podem ser extintas por um pré-programa. Agora elas podem continuar existindo e você pode não se escravizar àquilo que o ego esta lhe dando como sensação.

É o caso que acabou de me ser perguntado. A pessoa disse que o medo ainda vem, mas ela já não se entrega a ele.

Participante – E os sentimentos não são codificações?

Não. As sensações são provações, ou seja, fruto da pré-programação, mas os sentimentos são frutos do livre arbítrio do espírito. Então, por exemplo, o ego pode estar lhe mandando uma sensação de tristeza e você não aceitar e vivenciar alegria.

Agora repare: estou falando de sentimento, algo universal e não de elementos materiais. A alegria a que me refiro não é aquela que é caracterizada pelo sorriso fácil, como fruto de uma brincadeira, mas sim a sensação de paz, que equanimidade, de tranqüilidade.

Portanto, o ego pode lhe insuflar à tristeza e você pode reagir da seguinte forma: “é, estou triste, estou e daí?” Agora têm outros que dizem: “meu Deus, como eu estou triste”… Esses caíram, apegaram-se ao ego.

Mais um detalhe: estou falando em dizer, mas não me refiro à idéias ou palavras. Estou dizendo para “dizer” com o coração. É o coração quem tem que dizer e daí e d não a razão. Se for esta última que disse, na verdade foi mais uma provação gerada pelo ego e não uma libertação…

Esta é a diferença entre sentimento e sensação. Não sei se dá para me entender, porque para vocês as sensações e os sentimentos são a mesma coisa, mas não são: uma é escolhida pelo ego a partir das codificações pré-programadas enquanto a outra é fruto do livre arbítrio do espírito.

Participante – Mas, não vem tudo escrito no livro da vida, até esse momento da libertação?

Até o momento da libertação está escrito, mas quando isso acontecer em atos ou idéias e não no mundo sentimental…

Na verdade pode existir uma idéia de libertação – que ocorre no mundo das idéias (ego) e não quer dizer que realmente houve alguma vitória, mas apenas uma nova provação – e pode existir uma libertação verdadeira, que acontece nos mundo dos sentimentos e não é percebida pela razão. A primeira é pré-programada e a segunda é a vitória do espírito nas suas provações…

26

Então, mostramos duas criações do ego: a técnica e a emocional ou de sensações. Tanto uma quanto a outra já estão pré-programadas antes da do espírito aventurar-se na encarnação. Vamos falar um pouco de como se processa a programação…

A parte técnica é muito fácil entender como ela é pré-programada: a programação fundamenta-se num padrão fixo para quem vai encarnar naquele determinado planeta. Ou seja, para os egos de vocês, ela sai do banco de dados universais que chamaremos “Terra”. Na hora da montagem do ego é só pegar neste banco de dados as informações e colocá-las no ego…

Mas e a parte emotiva ou de sensações que o ego cria, de onde ela vêm? Essa não segue nem um padrão universal para o planeta, mas reflete fielmente a posição do espírito antes da encarnação. Ela traduz tudo aquilo que o espírito precisa executar como prova durante a união com o ego.

Vou dar um exemplo. Nós falamos do medo, medo a determinadas coisas. O que é medo? Porque alguém tem medo?

Participante – Existem vários tipos de medo. Cada um tem o seu motivo.

Concordo com isso, mas o medo de qualquer coisa não é a tradução da existência de uma falta de confiança?

Participante – Sim.

E, como sinônimo à falta de confiança não posso dizer que também é o reflexo de uma falta de fé?

Filha – Sim.

Então veja. Se o espírito precisa fazer uma provação referente ao assunto “fé”, provar que a tem, ele terá que vivenciar este sentimento. Ou seja, ele terá que optar (exercer o livre arbítrio) viver determinadas situações com fé, ao invés de escolher vivenciá-las com outros sentimentos. Não é isso?

Acontece que a idéia de provação traz embutida em si a necessidade de uma vitória, ou seja, o espírito para ser aprovado precisa vencer alguma coisa. Qual o contrário da fé? Medo…

Portanto, o espírito que precisa realizar uma provação sobre o tema fé tem obrigatoriamente que ser insuflado no medo. Só sendo insuflado a vivenciar o medo este ser pode vencê-lo quando optar pela fé. Se naquele momento o espírito fosse insuflado a vivenciar o acontecimento com fé, que vitória haveria? Nenhuma…

Então, faz-se necessário que o ego proponha o medo como sentimento para vivenciar um acontecimento. Só assim o espírito, usando o seu livre arbítrio, pode conquistar uma vitória…

É por isso que o ego que gerará a aventura provação do espírito sobre fé está pré-programado através de codificações a criar a sensação de medo sobre determinados aspectos…

A mesma coisa a ganância. Se um espírito veio fazer uma prova de humildade, o seu ego é pré-concebido com a programação de gerar a sensação de ganância frente às situações da vida carnal. O ego vai fazer esta propositura para que o espírito, utilizando o seu livre arbítrio, opte pela humildade e com isso comprove que aprendeu, quando na erraticidade, a respeito da necessidade desta postura sentimental para a universalização…

Tal linha de raciocínio vale para toda e qualquer sensação que você conheça. Toda sensação é pré-programada para servir como uma questão de uma prova. Se o ser humanizado está com raiva, ou melhor, se um ego está criando a sensação da raiva, isso acontece desta forma para que o espírito ligado a ele vença essa sensação, ou seja, opte por um sentimento universalista.

Então, todas as sensações são pré-programadas e esta é sempre executada como um elemento da provação, ou seja, como algo que precisa ser vencido.

Essa é a grande aventura do espírito. Ele se liga a um ego que contém codificações técnicas (formas) relativas ao mundo onde vai viver e contem, ainda, uma codificação emocional onde estão todas as questões que o espírito pediu para vencer.

É por isso que em O Livro dos Espíritos se diz assim; o espírito escolhe antes da encarnação o gênero da prova pelo qual vai passar. O gênero da prova é exatamente esse conjunto de sensações (ganância, nervosismo, desejos, vontades, paixões, soberba). O ser escolhe entre esta gama de sensações individualistas qual irá querer provar.

A partir desta escolha do ser estas sensações são incorporadas ao ego e se cria, então, acontecimentos (formas) que digam respeito a esta sensação. Durante a percepção destes acontecimentos e com o ego insuflando o ser a vivenciar uma determinada sensação, o espírito, exercendo o seu livre arbítrio, pode manter-se “pulsando” o amor universal ou apegar-se às sensações que o ego cria…

Isto é o realizar provas; isto é viver a aventura encarnatória…

27

Agora estamos prontos para compreender a realidade humana, ou seja, aquilo que você vê, ouve, cheira, prova o sabor ou percebe através das sensibilidades do corpo. Ela é formada pelas formas que um ego, através de sua parte técnica, cria e pelas sensações que esta mesma consciência transitória dá.

É isso que é a sua vida. É essa a realidade com o qual você convive: o fruto de uma parte técnica do ego que gera formas e de uma parte emotiva que cria sensações para aquele momento.

Voltando ao exemplo do carro correndo, esta percepção é criação da parte técnica do ego e o medo é a sensação proposta como provação para o espírito. Para insuflá-lo a optar pela sensação o ego ainda vai mais longe: cria a idéia de uma iminente batida. Ou seja, para incitar o espírito a viver o medo e não com um sentimento universalista como a fé, o ego cria através da imaginação a idéia de uma possível batida, dos ferimentos que poderão advir deste acontecimento, da dor que poderá ser sentida, até a idéia do risco de vida está presente na imaginação. Assim, bombardeado por todas as idéias, para o espírito parece que aquilo é uma realidade que realmente acontecerá e não apenas uma hipótese…

Vocês sabem do que estou falando… Quantas vezes vocês já viveram uma imaginação como se fosse real, como se fosse algo líquido e certo de acontecer? Mas, tudo não passa de imaginação que tem como objetivo insuflar o espírito a apegar-se às sensações que o ego cria…

Aliás, não é só nestes momentos – quando está se imaginando o futuro – que vocês não vivem a realidade: tudo que vivem é imaginação. Sim, tudo que acontece aos seres humanos pode ser considerado como imaginação porque são criações ilusórias formadas pelo ego e não realidades…

Aí está a realidade com a qual vive um espírito ligado ao ego: a junção de uma parte técnica (formas, teatro, desenho, fantasia) com uma parte emotiva que dá sensações para o que está se vivenciando…

28

Só tem um pequeno detalhe: tudo isso que falamos agora acontece em algo que o ser humano chama de “inconsciente”. O ser humanizado não vê nada disso acontecendo na sua vida dele, ele não repara na existência deste processo. Isso não é perceptível para ele. Este processo é perceptível para o espírito, mas não é para o ser humano, para o espírito humanizado para o espírito que vive o ego como se fosse ele mesmo.

Sendo assim, é preciso que o resultado deste processo aconteça de uma forma que o ser humanizado possa ter ciência, que possa ser conscientemente sabido pelo ser humano. A consciência que o ser humanizado tem do resultado do processo de formação de realidade pelo ego é aquilo que chamamos de “consciente”.

A realidade criada pela parte técnica e pela emotiva do ego é gera, então, palavras, imagens, idéias, sons que chegam à consciência do espírito humanizado sob uma forma que vocês chamam de “pensamento”.

O pensamento, portanto, é uma realidade formada pelo ego através da utilização da sua parte técnica com a sua parte emotiva e existe para dar consciência ao ser humanizado do “texto” da sua provação. O pensamento ao descrever e dar valor a um acontecimento gera uma realidade ilusória que leva o espírito humanizado a realizar a sua provação. O pensamento, portanto, é aquilo que faz com que o ser humanizado tenha consciência, noção, de uma realidade para poder fazer a sua provação.

Desta forma, posso dizer que a velocidade de um carro e a sensação de medo é traduzida em imagens, sons e idéias através de um pensamento (“meu Deus, este carro está correndo demais…”) e só então se transforma numa realidade para o ser humanizado.

O que o ser humano pensa não é a realidade, mas apenas a ponta visível (consciente) de um iceberg. É a parte visível do trabalho mental – estou usando palavras de vocês para explicar – do trabalho mental que o espírito vivencia durante a sua ligação com o ego.

29

Outro detalhe ainda sobre o pensamento: não é o ser humanizado que pensa…

A criação de sons, imagens e idéias que crie conscientemente uma realidade não podem ser feito pelo espírito que está humanizado. Ele não tem capacidade de criá-los… É por isso que em O Livro dos Espíritos está dito quando Kardec pergunta se os espíritos sabem o que o ser humanizado está pensando: muito mais do que você imagina, porque freqüentemente, quase sempre, são eles que lhe dão o pensamento.

Sendo assim, podemos dizer que Deus faz o ego agir, o espírito humanizado faz a escolha sentimental e os espíritos trabalhadores fora da carne transmitem ao ser universal encarnado o resultado desta ação sob forma de pensamentos.

30

Então veja. Existe todo um trabalho que ocorre no inconsciente: o ego forma uma realidade com a junção da parte técnica e da parte emotiva e o espírito escolhe um sentimento para reagir à realidade formada pelo ego. Só depois disso é que o resultado destes dois acontecimentos é transferido para o consciente através da criação de imagens, sons e idéias, ou seja, por um pensamento que é transmitido pelo espírito desencarnado ao encarnado.

Sendo assim, quando o raciocínio ou pensamento lhe diz, por exemplo, que o carro está correndo demais e que por isso pode acontecer um acidente, isso é o resultado do trabalho do inconsciente (onde o ego criou a sensação do medo e a figura que cria a ilusão da velocidade), do espiritual ou universal (onde o espírito não se libertou dessa sensação) e da ação de um ser extra corpóreo que lhe deu esse pensamento.

Deu para ficar claro? É isso que acontece no que vocês chamam de mente, consciente e inconsciente, para nascer a realidade que imaginam estar vivendo. Na verdade a velocidade do carro não é real, mas o fruto de um trabalho do ego, do espírito e dos espíritos fora da carne.

31

Participante – O inconsciente aqui referido é pessoal. E sobre o consciente coletivo muito citado por Jung?

Esse inconsciente é pessoal, sim. É completamente pessoal. Por quê? Porque esse inconsciente é composto por um ego e um espírito específicos que juntos formam uma individualidade: um ser humano…

Então sim, você tem um inconsciente e um consciente que é só seu. O seu consciente é o mundo onde você, o espírito, vive e o seu inconsciente é o mundo onde existe um ego criado especificamente para você que forma realidades para que existam as suas provações…

Com relação a um ego ou consciência coletiva, isso não existe. O que existe na verdade são características de provas comuns a todos que encarnam no planeta Terra.

Vamos dizer assim: existem sensações e formas do planeta Terra que estão presentes em todos os egos humanos. Isso porque elas são os elementos de provações para os espíritos que vivem a grande aventura neste planeta.

Isto é o que vocês chamam de inconsciente coletivo: as formas e as sensações que são comuns a todos que habitam este orbe. O inconsciente coletivo do planeta Terra coletivo são as formas e as sensações que criam a aventura humana do espírito e que, portanto, só valem para este planeta.

Participante – Seriam os arquétipos?

Olha, eu vou lhe responder citando o Espírito da Verdade, sem querer nem de longe me comparar com ele: É uma questão de palavras; vocês que se acertem.

O que eu posso lhe dizer é que o planeta Terra tem uma parte técnica específica e sensações também específicas. Se você chama isso de arquétipo, inconsciente coletivo, de um campo de provas de uma determinada faixa de elevação, para mim tudo é a mesma coisa.

Participante – E o livre arbítrio inconsciente, como é que fica?

O livre arbítrio inconsciente não existe. O que existe é o livre arbítrio do espírito depois de ligado ao ego que é exercido naquilo que vocês chamam de inconsciente, mas conscientemente…

Como disse, o inconsciente é o local onde o ego se manifesta criando realidades e onde o espírito escolhe um sentimento para reagir àquela realidade. Se é assim, é aí que existe o livre arbítrio e ele é consciente para o espírito e não inconsciente.

Depois que a realidade chega ao consciente através de idéias acabou-se a ação espiritual. Por isso, não há mais livre arbítrio.

A partir do momento que o espírito se escraviza, por exemplo, ao medo, à sensação de medo criada pelo ego, terá todo raciocino baseado nesta sensação.

Depois que o ser humanizado escolhe apegar-se à sensação, não há mais como mudar. Ele só pode escolher alguma coisa antes do pensamento surgir e isso acontece libertando-se da sensação.

32

Para finalizar, vale a pena lembrar que essa palestra é apenas parte de um todo. Nós não estamos hoje falando algo solto: nós estamos estudando a grande aventura do espírito que se chama encarnação. Dentro deste estudo macro chegamos agora em um momento que nós vamos ter que abandonar o conceito, a parte conceitual pré-conhecida sobre as coisas.

Na primeira e nesta segunda palestra nós conceituamos encarnação como algo completamente diferente daquilo que vocês conheciam anteriormente. Por isso, é preciso alterar sua própria conceituação para que a compreensão sobre o que direi daqui para frente não seja afetada. Para isso, vou relembrar o que já falamos.

Começamos afirmando que a encarnação é a grande aventura do espírito. Dissemos que encarnar nada tem a ver com vir à carne, mas sim ligar-se à uma consciência diferente da consciência espiritual, que chamamos de ego. Hoje estudamos a ação desse ego: estudamos como se cria realidades, como se cria o mundo que vocês vivenciam no consciente.

A partir de agora precisamos aprender como interagir com essa realidade. Não basta só saber que existe o inconsciente funcionando, pois este conhecimento não nos levará a reconhecer as provações que vivemos… Por isso, a partir da próxima palestra vamos estudar as ações que devem ser realizadas durante uma encarnação ou uma ligação com o ego para que essa aventura do espírito alcance o bom termo.

Para que vocês compreendam o trabalho que estamos realizando, vou comparar a aventura do espírito a uma humana onde se pretende caminhar na floresta ou escalar um pico. Até agora, estávamos formando um mapa: estudando a floresta ou o pico, escolhendo por onde subir…

Mas tudo isso está sendo realizado sem estarmos no local da aventura. Somente a partir da próxima palestra nós vamos nos dirigir ao local da aventura e começar a caminhar pela trilha que idealizamos para só então alcançar o destino pré-programado.

Então, eu convido a todos que quiserem, a partir desse conhecimento, descobrir o caminho para trilhar e transformar essa aventura do espírito numa realização espiritual, ou seja, chegar a bom termo na sua encarnação, a nos acompanhar na próxima palestra onde vamos falar sobre os aspectos iniciais da aventura.

áudio http://meeu.org/audio/aventura/aventura.htm

Nenhum comentário: