Situe-se
A palavra ‘yoga’ deriva da raiz sânscrita ‘yuj’ e significa conectar, unir ou juntar (daí, resquícios fonéticos na Língua Portuguesa deram origem às palavras ‘conjugar’, ‘conjugue’). Com este conceito, entendemos que yoga é o processo que conduz à compreensão de nossa verdadeira essência e identidade. Em outras palavras, conectar ou unir a consciência individual externa à consciência individual original. Esse processo está inserido numa tradição cultural e filosófica milenar e tem como objetivo conduzir o praticante à auto-realização. Neste caminho incorpora-se e amplia-se a percepção do mundo, do relacionamento sensível com este mundo e com todos os seres que o habitam. Ao chegar a um estágio mais avançado de percepção, elimina-se a sensação de estar incompleto no mundo, na vida ou dentro de si mesmo.
Todos nós já tivemos alguma experiência parecida: aquela sensação de vazio e deslocamento do mundo; parece que nada faz sentido por mais que tentemos nomear, sentir ou experimentar; todas as referências parecem ter se dissolvido no tempo e a cada passo que damos sentimos como se caíssemos num precipício.
Os mais otimistas dirão: “É só um momento, uma fase na vida, tudo vai passar, não se preocupe.” Mas se você não procurar fazer algo sua vida ganhará cada vez mais um horizonte denso, sombrio e nebuloso. Neste momento, certifique-se de que você já está desenvolveu uma perspectiva negativa diante da vida. É preciso tomar uma atitude enérgica. Imediata.
Em sânscrito o antônimo da palavra ‘yoga’ é ‘ayoga’ e seu significado é claro: desconectado, desunido, incompleto. Neste estado perde-se qualquer referencial saudável ou seguro. A causa se deve à simples falta de consciência interior, consciência do Ser, e as conseqüências são drásticas: ansiedade, tensão, frustração, depressão, fobias e demais sintomas de um quadro progressivamente degradante. Entretanto, os antigos sábios e yogis sabiam como estabilizar internamente as influências sutis do mundo fenomenal e as sublimes experiências místicas do mundo interior através do sistema de yoga.
Conecte-se
Dentre os mais variados estilos e processos de yoga o Hatha-yoga é o mais conhecido e popularizado no Ocidente, e isto o torna acessível a qualquer pessoa interessada em conquistar seu equilíbrio físico e mental. Hatha-yoga é um sistema introduzido por Swatmarama Yogi em meados do século XV, na Índia. No final do século XIX esta modalidade de yoga difundiu-se intensamente fora do Antigo Continente. Sua prática visa especificamente saúde mental e física. Além disso, Hatha-yoga restabelece toda vitalidade perdida na interação diária a que estamos envolvidos, interação esta que consequentemente acarretara estresse, fadiga, angústia e depressão.
O Hatha-yoga é um caminho holístico que inclui disciplinas éticas, exercícios físicos de posturas, respiração controlada e prática de meditação. Ela deriva de um importante tratado conhecido como Hatha Yoga Pradipika, que é considerado um clássico do Hatha-yoga. Esta obra, compilada por Swatamarama Yogi é baseada em textos mais antigos, tal como Bhagavad-gita, Srimad-Bhagavatam e Yoga-sutra. Toda sua didática e metodologia resultaram da própria experiência prática de Swatamarama Yogi, que seguiu os preceitos estabelecidos pelas escrituras anteriores.
A palavra ‘há’ ‘tha’ nos dá uma idéia de energias opostas: positivo e negativo. Desse modo, o processo de Hatha-yoga busca o equilíbrio do corpo e mente através de posturas físicas, controle respiratório, relaxamento e meditação. No Ocidente, Hatha-yoga é visto como sinônimo de posturas (asanas). E muitos são os benefícios das posturas do Hatha-yoga, tais como desbloquear os campos energéticos do corpo sutil, o que diminui as dores e mau funcionamento dos órgãos devido à retenção de energia em determinadas áreas do organismo. Quando desbloqueada, esta energia flui por todos os canais prânicos do corpo, e dá mais vitalidade, entusiasmo e tranqüilidade mental.
Além dos asanas, outro importante veículo da prática de Hatha-yoga é o processo de respiração controlada (pranayama). ‘Prana’ é a energia vital ou a força da vida e ‘yama’ significa regular ou controlar o prana. Em outras palavras, pranayama visa utilizar e direcionar a força vital para a meditação e elevação espiritual. Além disso, os pranayamas geram força e uma infinidade de benefícios à saúde física e mental, e promove as condições favoráveis à prática da meditação. A estrutura básica do pranayama consiste em exalar (rechaka), inalar (puraka) e reter o ar (kumbhaka). As práticas mais avançadas de pranayama requerem a orientação de um instrutor qualificado, pois, segundo alguns mestres do yoga tradicional, a prática incorreta pode resultar em neurose, problemas adrenais e distúrbios de sanidade mental.
É de conhecimento geral que o Hatha-yoga, bem como qualquer sistema autêntico de yoga, visa transcender a consciência corpórea, embora no Hatha a metodologia utilizada baseia-se no fortalecimento do corpo físico. O motivo é que para se desenvolver o autoconhecimento é preciso se conhecer bem o corpo e seu funcionamento, bem como seus limites e necessidades. Após esta etapa é possível se conhecer com mais detalhes a mente e suas variadas manifestações de desejos e anseios. E, finalmente, conhecer a própria essência eterna que mantém a vida no corpo temporário. Assim, o processo de Hatha-yoga faz um trabalho de conscientização da realidade externa para a fonte interior do Ser.
Quanto à prática, os asanas devem ser praticados com consciência e concentração. O mesmo se aplica aos pranayamas, sempre respeite os limites do corpo e busque alcançar relaxamento e consciência do momento presente.
Atualmente encontramos centenas de posturas, das mais simples às mais complexas. Porém, originalmente, o Hatha-yoga era constituído de poucas dezenas de asanas clássicos praticados por yogis em períodos históricos remotos e registrados em escrituras como Srimad-Bhagavatam.
Surya-namaskara (saudação ao Sol)
O surya-namaskara é geralmente executado no início das práticas de Hatha-yoga e está totalmente vinculado a este. Nele, o praticante entra em harmonia com o aspecto mantenedor do Ser Supremo (Surya-narayana) e restabelece de maneira saudável seus centros de energia (chakras). Toda a seqüência do Surya-namaskara deve ser feita num estado de atenção interior, com consciência de cada movimento do corpo e da respiração, numa atitude reverencial (namaskara).
O Surya-namaskara desenvolve a musculatura do corpo e promove o alongamento não só da região periférica do corpo, mas também do tronco, o que permite manter a coluna vertebral saudável e com boa mobilidade nas diferentes articulações. Também massageia os órgãos internos e estimula o sistema respiratório, endócrino e circulatório. Sua prática atua também no corpo sutil, pois beneficia os chakras e a circulação da energia prânica. Ela também aquece o corpo e produz um estado de paz mental.
Deve-se dar preferência pela prática matinal, em jejum ou duas horas após a refeição. Por ser uma série estimulante, o Surya-namaskara não deve ser feito imediatamente antes de dormir.
Podem-se encontrar diferentes variações na condução do Surya-namaskara, mas basicamente existe uma seqüência típica do Norte da Índia, e outra do Sul. Mesmo assim, os cuidados com o corpo durante a postura são de suma importância. Deve-se adequar a postura ao corpo e não o contrario. É relevante dizer que toda prática de yoga tem como propósito trabalhar a consciência interior e, portanto, deve-se praticar com total consciência.
Realize-se
Atualmente o yoga já é aceito como uma arma eficaz contra os grandes males que arriscam afetar este século, os males da mente. Após saber dos benefícios alcançados pela simples prática de posturas e respiração controlada, procure um bom instrutor de yoga e inicie esta nova jornada em sua vida. Permita-se transformar-se e progredir rumo a um horizonte sempre em expansão. Viva a plenitude de seu Ser.
Om Tat Sat
retirado http://astangayoga.blogspot.com/
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