ZEN DICAS & MUSICAIS

CIRCULO ZEN,

Sejam bem vindos ao ZEN DICAS & MUSICAIS.


Apresentamos teorias, informações, previsões, profecias e idéias que devem ser vistas apenas como caráter especulativo. Não queremos doutrinar, afirmar ou convencer ninguém..

Tento colocar um pouquinho de cada coisa que gosto de estudar. São assuntos diversos muitas vezes que nem sei de onde peguei, mas são temas aos quais me identifico. Se o autor de algum texto deparar com ele escrito aqui, não se irrite, ao contrário, lisonjeie-se em saber que alguém admira seu pensamento.

Não há religião superior à verdade, o importante é a nossa convivência de respeito mútuo e amizade, sempre pautados na humildade, no perdão e na soliedaridade.

Autoconhecimento, Filosofia, Espiritualidade, Literatura, Saúde, Culinária, Variedades..

Tudo isso acompanhado de uma Zen Trilha Sonora com muito Alto Astral.



“Citarei a verdade onde a encontrar”.
(Richard Bach)


ZEN DICAS & MUSICAIS.
VIVA O AGORA !
NAMASTÊ.

NUNCA PERCA A CURIOSIDADE SOBRE O SAGRADO!

Albert Einstein

circulo zen

29.8.09

PSICOLOGIA ANIMAL



Psicologia Animal



PSICOLOGIA ANIMAL



Aprendendo com os Animais

JOÃO O. SALVADOR





Nem todos têm a visão behaviorista que acredita que os animais, principalmente os cães sejam, simplesmente, máquinas impessoais de balançar o rabo, processando estímulos em respostas tão indiferentes, quanto convertem ração em fezes e sujam as calçadas. Para Descartes, que fez o homem senhor e proprietário da natureza, o animal não passa de um autômato, uma máquina animada. Assim, quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal, igual a roda de um carro com a pastilha de freio desgastada. O mesmo que comparar os gemidos de um cachorro dissecado vivo num laboratório com o ruído de uma peça mal lubrificada.

O homem é verdadeiramente bom, puro e livre quando respeita os que são mais fracos, os animais. Porém a crença de que herdou sua superioridade por força do "o poder divino”, produz nele o maior desvio de conduta. Apesar de escrito no começo do Gênese que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os animais, não se tem a garantia de que Ele assim o desejasse, ou seja, que a criatura humana fosse tão distinta das outras. É bem provável que tenha inventado esse topo da hierarquia, usando-se de Deus para santificar o poder, conquistando o direito de matar com requintes de crueldade ou de maltratar os seres “inferiores” pelo abandono, pelo uso do sedém e pelo cambão; pela insanidade que mantém o lixo cultural das touradas ou da farra do boi; das práticas criminosas dos que vivem do tráfico de animais silvestres, que para torná-los calmos, deixam-nos presos, sem água, comida e até sem ar, num mercado que mescla ganância e crueldade, a faceta miserável humana; sapos, cobras, lagartos e outros bichos que viram “carvõezinhos” pelas queimadas ou incêndios criminosos.

A visão do Gênese mudaria completamente com a presença de um visitante de outro planeta, vindo com a ordem de Deus para reinar sobre as criaturas de todas as outras estrelas. Já pensaram o homem atrelado à uma carroça de um marciano reciclador, muitas vezes sem comer e beber o dia todo? Grelhado no espeto por um visitante da Via-Láctea, com certeza fa-lo-ia lembrar da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato ou do leitão à pururuca, com uma maçã na boca. Correria, com certeza, pedir desculpas à vaca de Descartes.

Nietzsche, em 1889, quando viu diante de si um cocheiro espancando um cavalo com um chicote, se aproximou do eqüino abraçou-lhe o pescoço, e sob o olhar do cocheiro, explodiu em soluços. Na verdade, Nietzsche estava se distanciando dos homens, pedindo perdão por Descartes.

Para entrar no reino encantado do mundo animal é preciso “ler”, através dos olhos de um cão, um gato ou cavalo, para verificar que demonstram paz no meio onde muitos se sentem insatisfeitos e infelizes, autênticos consumidores de barbitúricos e de diazepans. Basta o convívio diário com os bichinhos para perceber que possuem reações inesperadas, pois planejam, enganam e revelam pensamentos, que vão além do instinto básico, sugerindo consciência, emoção e amor, coisas raras nos dias de hoje.

Acariciar cães, gatinhos e andar a cavalo é agradável e descansa o espírito. Ajuda a desenvolver o lado emocional, fazendo com que as pessoas ansiosas, insensíveis, arredias ou agressivas interajam mais com o próximo. A docilidade natural dos animais domesticados favorece as atividades de cunho emocional, servindo, até, de um modelo pedagógico para ajudar no aprendizado de crianças especiais. Porém, o animal é reflexo de seu dono. Um amigo meu, cientista reconhecido internacionalmente, diz que quem não gosta de animais bom sujeito não é. Mas ninguém é obrigado a gostar, mas, sim, respeitar. Muitos adotam um animal e depois o abandonam.

Para Milan Kundera, em “Insustentável Leveza do Ser”, 1983, os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz! No Egito antigo o gato era considerado criatura divina, enquanto que aqui é maltratado, discriminado e rotulado de ladrão. Admiro o gesto da polícia militar que trata seus auxiliares caninos com dignidade e como heróis. Admiro, também, a SPPA (Sociedade Protetora dos Animais) que faz, através de seus parcos recursos, de seus voluntários e da sua feirinha, o possível para amenizar o problema de abandono e maus-tratos. Afinal, será que existe um ser que não goste de carinho e respeito?





JOÃO O. SALVADOR é biólogo – Cena/USP

E-mail: salvador@cena.usp.br

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