A vida (as crenças) que vivemos

A vida (as crenças) que vivemos
Por Wilson Meiler

Nossa vida é uma curta viagem. E a morte, uma tese de dimensões infinitas. Sucede que estamos, na maioria das vezes, vivendo contra as nossas expectativas.

Por que será que relutamos tanto em fazer aquilo que realmente queremos fazer? Por que as pessoas adiam tanto os seus projetos de vida? Você mesmo, caro leitor, vive a sua vida como gostaria de viver, ou vive como os outros querem que viva? Você vive bem e deixa os outros viverem bem?

Dada a brevidade da nossa permanência neste mundo, qualquer que seja a resposta para as perguntas acima, convém que nossa vida seja pelo menos agradável. Só que por alguma razão, de cada 100 pessoas 95 escolhem sofrer. A humanidade parece ter decidido especializar-se em sofrer e parece não se importar muito em mudar esse estado de coisas. Veja como funciona uma das facetas desse processo de sofrimento auto-imposto.

Grande parte da sua vida é baseada em um sistema de crenças. O seu sistema particular de crenças. As crenças a que eu me refiro, não são as crenças religiosas, mas tudo aquilo que foi sendo falado repetidamente para nós desde quando ainda estávamos no berço.

Todas as coisas em que você pensa, as decisões que toma e o que faz, a maneira como faz, a forma como sente as coisas e se inter relaciona com as pessoas, tudo isso está ligado ao seu sistema de crenças. Nossas crenças são o núcleo de nossa personalidade e essas crenças individuais são unicamente nossas.

O conjunto de crenças de nossa vida foi desenvolvido lentamente, desde a mais tenra idade, ainda bebês em nosso berço quando apenas olhávamos em volta e observávamos a vida acontecendo. As coisas que nossos pais, tios e avós diziam; a forma como se comportavam à nossa volta, tudo isso foi por nós cuidadosamente observado, armazenado em nosso cérebro e as nossas conclusões foram tiradas àquela época.

Por volta dos sete anos de idade, você já devia ter uma longa lista de conclusões de como deveria viver, com afirmações do tipo: “eu devo ser bem boazinha, assim as pessoas irão gostar mais de mim” = (fique bem boazinha senão a mamãe não gosta de você); ou, “você pensa que dinheiro cresce em árvore” = (não é fácil ganhar dinheiro); ou ainda, “primeiro você tem de atender as necessidades dos outros, depois as suas” = (menino egoísta, pensa que é tudo para você?)

É impressionante como as pessoas mantêm as suas crenças arraigadas ao seu subconsciente e não querem mudar, mesmo que essas crenças as façam infelizes. Aí então sucede o seguinte: como nós achamos que não podemos mudar as nossas crenças, entendemos que podemos mudar as crenças dos outros. Isso equivale a dizer que queremos mudar os outros para adaptá-los a nós.

Passa-se então a usar expressões do tipo: “Já disse a ele centenas de vezes, mas ele não me dá ouvidos”; ou ainda frases que insistem que “a vida seria tão melhor se…”

minha esposa fosse mais carinhosa; meu marido conversasse mais comigo; meu marido gostasse de dançar; minha esposa chegasse mais cedo em casa, meu marido não fosse bebericar com os amigos. À medida que expressões como essas vão sendo usadas, nossas relações vão sendo desgastadas; nossa vida vai passando; nós vamos sofrendo, e vivendo muitas vezes como os outros querem que vivamos. É óbvio que a grande maioria de crenças que adquirimos pela vida, são positivas. Mas se 5 % de nossas crenças forem negativas, isso já será suficiente para estragar tudo. A única maneira de mudarmos nossas crenças no subconsciente, é substituindo as existentes, negativas, por novas crenças, positivas.

Conta o lendário popular, que em uma fazenda havia um poço fundo que secara, mas que nunca fora fechado por desleixo do seu proprietário.Um dia, um burro velho da fazenda caiu no poço, e iniciou-se uma verdadeira maratona para tentar resgatá-lo. Após se esgotarem todas as tentativas dos empregados para retirar o burro, seu dono ordenou que fechassem o poço com o burro lá dentro, uma vez que ambos já não serviam mais para nada e era impossível retira-lo. Embora a idéia não agradasse à maioria, não havia outra saída, pois todos os recursos já haviam sido tentados sem sucesso. Iniciou-se então o processo de entulhar o poço com o burro lá no fundo. As pás de terra e entulho se sucediam, e a cada monte de terra que caía sobre suas costas, o burro sacudia o lombo e pisoteava. Assim sucessivamente, o burro sacudia o lombo e pisoteava. Não demorou muito para todos se darem conta de que aos poucos o piso do poço foi se elevando e, quando menos se esperava, o burro saiu do poço que estava entulhado. No final, o poço foi fechado, pois já não mais servia, e o burro foi libertado.

Com nossas crenças, mensagens e experiências negativas sucede o mesmo. Temos de entulhar nosso subconsciente com mensagens boas e positivas, para tirar de lá todos os “burros velhos” que tenham ali caído e lá permaneçam.