ZEN DICAS & MUSICAIS

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circulo zen

3.10.08

A ERA HISTORICA


A Era Histórica

Não que o sistema musical permanecesse absolutamente inalterado por todos esse séculos. Desde o princípio das dinastias históricas, mais bem documentadas, descobrimos que se desenvolveram alguns sistemas alternativos de lüi, pelo menos em teoria.

Um deles envolvia, não doze lüi como no sistema tradicional, senão nada menos de 360! Tais idéias inovadoras, entretanto, parecem ter tido um efeito prático pouco duradouro sobre a música do povo.

Vários textos chineses aludem a tentativas feitas para lograr o temperamento igual. (Isto é, para desenvolver um sistema de intervalos exatamente iguais entre os doze lüi, em lugar de empregar o antigo sistema de doze notas relacionadas por meio de intervalos de 3:2 ligeiramente desiguais mas geometricamente perfeitas).


Ainda no século XVI d.C., diz-se que o príncipe Tsai-Yu embarcou na busca do temperamento igual.

Primeiro estudou todas as obras que encontrou sobre a teoria da música, depois, provavelmente jejuou, à tradicional maneira chinesa, a fim de purgar da sua forma quantas escórias físicas e psicológicas lhe pudessem estorvar a recepção da iluminação espiritual; em seguida, sento-se e meditou profundamente sobre o problema. Dias e noites passaram.

Mas, afinal, contam-nos, "revelou-se-lhe a luz da verdade" e ele compreendeu a fórmula precisa do temperamento igual.

Parece, todavia, que os contemporâneos do príncipe Tsa-Yu não se entusiasmaram com a idéia do temperamento igual, pois nunca descobriram instrumentos chineses afinados dessa maneira.

A razão que eles teriam para objetar referia-se, provavelmente, às diferentes significações cosmológicas associadas aos dois sistemas de afinação: o uso antigo de intervalos desiguais, mas geometricamente perfeitos, entre as notas supunha infinita transcedência e contato com os céus, ao passo que o emprego de intervalos temperados iguais significava, como resultado, ligeira imperfeição geométrica - e, por conseguinte, ligeira inarmonia cosmológica.

À parte breves experimentos, portanto, a China conservava o sistema original dos doze lüi baseado num ciclo de quintas perfeitas.

E ainda recentemente, isto é, no ano 1712 d. C., a dinastia Ch'ing finalmente rejeitou, de uma vez por todas, o princípio do temperamento igual. (Isso na mesma ocasião em que o temperamento igual se achava a pique de ser aceito no Ocidente, através da obra de J. S. Bach e outros, como base firme de quase toda a música ocidental dessa época até hoje).


A dinastia voltou ao antigo sistema creditado ao primeiro governante divino, Fu Hsi, quatro mil anos e meio antes.

É importante reparar em que cada decisão dessa natureza durante a história da China, toda vez que possíveis alterações do sistema musical estavam sendo cogitadas, era tratada com extrema cautela e conservantismo. Se até a menor das mudanças recebia o consenso geral, ela se fazia na plena crença de que resultaria num efeito definido, paralelo, sobre o futuro da própria nação.

Pois devemos lembrar-nos: a filosofia chinesa proclamava que as inovações produzidas nas artes tonais se acabavam refletindo com exatidão na sociedade em geral. No caso do temperamento igual, por exemplo, os sábios deveriam esperar que a sua adoção, visando a aumentar as possibilidades melódicas da música terrena, mas à custa do alinhamento geométrico com os céus, também se espelharia num ajustamento da sociedade - possivelmente no sentido de um maior desenvolvimento da tecnologia e do progresso material, mas a expensas da harmonização espiritual e do estado de espírito místico.


(Exatamente o curso dos acontecimentos no Ocidente desde que se adotou o temperamento igual no século XVIII, entendamo-lo como quisermos. Entretanto, hesitaríamos de certo em denunciar o temperamento igual, visto que ele aumenta de muito as possibilidades harmônicas da música).

A PERDA DO LOGOS

Por quatro e meio milênios a música e sua civilização foram mantidas, Depois a música entrou em declínio. Aconteceu durante a Dinastia Ch'ing - a dinastia final - no período compreendido entre os anos 1644 e 1912 d.C.

Para os antigos filósofos, o declínio da música do seu povo teria sido uma tendência de vasta e perigosa significação.

Todavia, com a decadência da música durante a Dinastia Ch'ing, a civilização também se deteriorou, exatamente como os antigos teriam predito que se deterioraria; e a própria sabedoria antiga foi sendo, aos poucos, esquecida.

Em outras palavras, depois que o povo perde esse tipo de sabedoria, deixa de ser suficientemente sábio para saber que a perdeu - uma variação do míope que não consegue encontrar os óculos (porque não está com eles).

Este é um círculo fechado perigoso do qual, depois que alguém se deixa prender por ele, tem poucas probabilidades de voltar, como o testificam numerosos exemplos históricos.

Assim como a música clássica da China foi murchando progressivamente, assim também se desvaneceu a capacidade do povo de compreender o que isso de fato significava de acordo com os sábios de antanho.


Em primeiro lugar, porém, como teve início o comprometimento e a dissolução da música tradicional?

(Esta não é uma simples pergunta superficial. Como principiam a cair uma civilização e suas artes abaixo do nível de seus feitos mais alevantados?)

Pode a queda ter sido causada pela introdução na China de uma música mais estrangeira do que qualquer outra que o seu povo já conhecera - a música do Ocidente?

Antes mesmo do fim da Dinastia Ch'ing, a música da Igreja católica entrara com a chegada dos primeiros missionários do Oeste.

Com o tempo, seguiu-se-lhe a música ocidental secular. Sem embargo do quão legítima e boa pudesse ter sido a música ocidental, era manifesto que ela mostrava ter pouquíssimo em comum com e estilo oriental.


Incapaz de contribuir para a arte tradicional, a música ocidental só podia pervertê-la ou suplantá-la.

Do ponto de vista da manutenção da pureza da música nativa chinesa, a segurança talvez residisse em resitir à aceitação oficial da música ocidental, que poderia ter sido oficialmente rejeitada.

Mas os monarcas Ch'ing perpetraram o que foi, do ponto de vista dos seus antepassados, um erro incrivelmente lamentável: com as bênçãos do imperador, foram introduzidos instrumentos ocidentais! E mais: ocidentais foram aceitos - como professores de música da corte imperial!

Em nossa busca do responsável pelo declínio da música da China, a música do Ocidente talvez faça o papel de boi de piranha.


A despeito da aceitação oficial da música estrangeira, os músicos europeus que foram à China durante a Dinastia Ch'ing relataram que a música do Ocidente ainda não era apreciada ali. E, no entanto, isso estava longe de ser a primeira vez que uma música estrangeira "invadira" a terra.

Revela-nos uma fonte chinesa que, em 581 d.C., nada menos do que sete orquestras estrangeiras eram mantidas em caráter permanente na corte imperial. O que não falta aqui é um subversão tonal em potencial!

Das chamadas Sete Orquestras: uma viera de Caoli, país de Tungus; outra da Índia, um terceira de Buchara; uma quarta de Cutcha, no Turquestão Oriental, com vinte executantes de instrumentos quase todos ocidentais, estabelecidos já em 384 d.C. e cuja aceitação fora tão grande que o imperador tentara impedir-lhes a permanência no país. Músicos de Camboja, do Japão, de Sila, de Samarcanda, de Paiquichei, de Cachgar e da Turquia misturavam-se nelas.


Os "eruditos", defensores puristas da música antiga, protestaram; mas debalde. Tão robustas se haviam revelado a música tradicional e a filosofia a ela associada no transcurso os milênios, que até uma investida furiosa como essa deu em nada.

Afinal, a música antiga sempre absorvera o que podia dos sons alienígenas e, à semelhança de gigantesca ameba, vomita as sombras indigeríveis da presa, expelira o resto.

Não havia nenhuma razão especial para esperar que a música do Ocidente encontrasse um destino mais glorioso.

Que ela tivesse conquistado um baluarte, e que a música tradicional tivesse declinado, talvez se devesse menos à influência estrangeira da música ocidental do que a um enfraquecimento do domínio da antiga filosofia sobre o povo.


Outros sim, pelo menos um escritor contemporâneo (John Michell, em City of Revelation* publicado por Garnstone Press), olhando para o problema da queda de um plano mais elevado, ponderou que, os harmônicos celestes que sustentavam a matriz vibrátil da civilização chinesa talvez tivessem chegado ao fim da sua parte na sinfonia do universo

Fosse qual fosse a causa, tornou-se aos poucos aos poucos evidente que um declínio estava ocorrendo.

Por volta do meado da década de 1800 o drama clássico, sua música e seus temas, firmemente arraigados nas tradições seculares, começaram a ser substituídos pelo estilo moderno do drama chinês, que conheceu maior popularidade.

Entrementes, no campo da música pura, os grandes modos clássicos foram suplantados pelos estilos mais populares, mais barulhentos, mais baratos e imitativos.


Subsiste o fato de que a decadência da música correu paralelamente à decadência geral da própria civilização.

Percebendo o imenso perigo inerente ao progressivo aviltamento das artes tonais, os imperadores da última dinastia tentaram reconduzir a música de volta ao seu estado anterior de conformidade idealista com os imutáveis princípios do cosmo. Mas sem resultado.

Em 1912, a casa imperial que governara a China pelo incrível espaço de tempo de quase cinco mil anos, acabou chegando ao fim, substituída por uma república. No entanto, desde o princípio, a república foi violentamente sacudida por tumultos e instabilidades.

A essa altura, a música ocidental começara a ser apreciada. Orquestras ocidentais tocavam na China, e números cada vez maiores de professores de música europeus ali se instalaram.


Os próprios chineses aprenderam a executar a música ocidental, preferindo-a à sua música tradicional. Cantores brancos cantavam em clubes; jazz-bands tocavam blues nos bares de Hong-Kong e Xangai. Onde estava, porém, a mão oculta?

Onde estava a misteriosa e invisível influência capaz de manter a estabilidade através de todas "as vicissitudes do tempo, da destruição, das guerras, das influências estrangeiras e das experiências independentes"?

(A antiga filosofia e sua música agora quase inexistiam). A república sobreviveu - não outros cinco mil anos, mas menos do que cinqüenta.

Os remanescentes das forças nacionalistas logo se puseram a voar para a ilha hoje conhecida como Taiwan, e Mao Tse-tung marchou a passo acelerado sobre Pequim, emitindo, enquanto isso, a torrente de idéias vermelhas de seus Pensamentos.


Ainda não tentamos estabelecer, de maneira categórica, qual das duas, se a música, se a civilização, abre caminho para a outra.

Mas, como no caso de muitas civilizações passadas, a saga da terra da China demostra claramente que o vínculo entre ambas é profundo.

* A cidade da revelação.

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