ZEN DICAS & MUSICAIS

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Apresentamos teorias, informações, previsões, profecias e idéias que devem ser vistas apenas como caráter especulativo. Não queremos doutrinar, afirmar ou convencer ninguém..

Tento colocar um pouquinho de cada coisa que gosto de estudar. São assuntos diversos muitas vezes que nem sei de onde peguei, mas são temas aos quais me identifico. Se o autor de algum texto deparar com ele escrito aqui, não se irrite, ao contrário, lisonjeie-se em saber que alguém admira seu pensamento.

Não há religião superior à verdade, o importante é a nossa convivência de respeito mútuo e amizade, sempre pautados na humildade, no perdão e na soliedaridade.

Autoconhecimento, Filosofia, Espiritualidade, Literatura, Saúde, Culinária, Variedades..

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“Citarei a verdade onde a encontrar”.
(Richard Bach)


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circulo zen

20.10.08

A TEOSOFIA COMO PRÁTICA ESPIRITUAL

A Teosofia Como Prática Espiritual


As bases metafísicas da Teosofia são expressas claramente nas três proposições fundamentais no Proêmio de A Doutrina Secreta, que examinaremos brevemente:

(a) Há um princípio onipresente, eterno, ilimitado e imutável no qual toda especulação é impossível, já que ele transcende o poder da concepção humana e pode apenas ser diminuído por qualquer comparação ou semelhança humana. Ele está acima dos limites e do alcance do pensamento ? em termos do Mandukya (Upanishad), ?impensável e indizível?. Essa Eterna Causa Infinita é a raiz sem raiz de ?tudo que foi, é ou será?. É naturalmente destituída de qualquer atributo e essencialmente não tem qualquer relação com o manifestado, o Ser finito. É o ?Estado de Ser? e não o ?Sendo? (Sat, em sânscrito), e está além de todo pensamento ou especulação. Esse ?Estado de Ser? é simbolizado em A Doutrina Secreta em dois aspectos. De um lado, o absoluto Espaço abstrato que representa a mera subjetividade, algo que nenhuma mente humana pode excluir de qualquer conceito ou imaginar por si mesma. De outro lado, o absoluto Movimento abstrato que representa a Consciência incondicionada.

(b) A Eternidade do Universo in totum como um plano sem limites; periodicamente é ?o teatro de inúmeros universos que incessantemente se manifestam e desaparecem?, chamados de ?estrelas que surgem?, e ?centelhas da Eternidade?. O aparecimento e desaparecimento dos mundos são como uma maré regular de ?fluxo e refluxo?, vazante e enchente, que a ciência física observou e registrou em todos os departamentos da Natureza. É um fato comum a alternância de dia e noite, vida e morte, sono e vigília, tão perfeitamente universal e sem exceção, que é fácil compreender que nela vemos uma das leis absolutamente fundamentais do universo.

(c) A identidade fundamental de todas as almas com a Super Alma Universal, sendo esta um aspecto da Raiz Desconhecida, e a peregrinação obrigatória de cada alma ? uma centelha da Super Alma ? através do Ciclo de Encarnações (ou de ?Necessidade?) durante todo o período, de acordo com a Lei Cíclica e Kármica. Em outras palavras, nenhum Buddhi (ou alma divina) puramente espiritual pode ter uma existência (consciente) independente antes que a centelha que saiu da pura Essência do sexto princípio universal ? ou a Super Alma ? tenha: (a) passado através de cada forma elemental do mundo fenomênico desse Manvantara; e (b) adquirido individualidade, primeiro por um impulso natural e depois por esforços auto-induzidos e autolegados (determinado por seu Karma), ascendendo, assim, em todos os graus de inteligência, do mais rudimentar até o mais elevado Manas, do mineral e da planta até o mais sagrado arcanjo (Dhyani-Buddha).

Essas proposições constituem as afirmações centrais sobre a natureza da Realidade Última, sobre o universo e sobre o ser humano; as três são vistas como uma unidade orgânica indivisa. Todos os ensinamentos teosóficos originam-se nos princípios fundamentais anteriormente mencionados. Eles são a pedra angular da Teosofia como sistema, e também uma descrição dos processos universais, naturais e humanos. Eles associam a visão monística do cosmo com a evolucionária, e, em sua abrangência, representam um campo potencial de encontro para a ciência, a religião e a filosofia. Talvez esse fosse o motivo pelo qual a senhora Blavatsky decidiu usar, como subtítulo para A Doutrina Secreta, ?A Síntese da Ciência, Religião e Filosofia?

Um aspecto notável desses ensinamentos fundamentais é o fato de que eles não foram concebidos, imaginados ou racionalizados. Conforme HPB, eles foram verificados por inúmeras gerações de videntes iluminados, que, através de uma vida de autopurificação, autoconsciência e renúncia do que é irreal, chegaram à compreensão da natureza essencial da Realidade Última. Cada geração de videntes conferia e verificava o ensinamento recebido por eles da geração anterior, e assim eram capazes de averiguar, através de suas mais elevadas faculdades, a veracidade desses ensinamentos.

Portanto, o que denominamos Teosofia é um ensinamento infinito a respeito do motivo do ser, do cosmo e do ser humano, que foi transmitido por milênios por muitas gerações de sábios místicos, yoguis e adeptos de todas as culturas. Já que eles confirmaram a veracidade do ensinamento em suas vidas diárias, a Teosofia também pode ser vista como uma prática espiritual.

Nas notas de Bowen (atas de reuniões do círculo interno), HPB alertava que o estudo teosófico poderia perder seu sentido se os princípios fundamentais não fossem tidos sempre em mente.

?O átomo, o homem e Deus são, cada um em separado e coletivamente, em sua última análise, o Ser Absoluto, sua Individualidade Real. Essa idéia é a que deve se manter sempre no pano de fundo da mente para formar a base para cada conceito que surja no estudo da DS. No momento de nós abandonarmos (???) (e é muito fácil fazê-lo, quando engajados em qualquer dos muitos aspectos intrincados da filosofia esotérica), sobrepõe-se à idéia da separação, e o estudo perde seu valor?

Isso indica que um dos elementos da prática espiritual da Teosofia é aprender progressivamente a permanecer na unidade. Porque a unidade é a verdade fundamental de toda existência, e se prestarmos a atenção devida, sua marca pode ser vista em toda parte.

Examinemos o seguinte: uma árvore é um exemplo magnífico da unidade. Ela, através de suas raízes, se relaciona com os minerais do solo. Através de seus ramos e folhas, com os elementos do ar, água e calor, essenciais para sua sobrevivência. Através da fotossíntese, absorve a luz do sol e desprende oxigênio no ar a seu redor, essencial para todas as formas de vida. Ela sofre a ação violenta dos elementos, e na estação estipulada perde suas folhas, que enriquecem o solo ao seu redor. Dá frutos e abrigo para inumeráveis formas de vidas que vivem em seu corpo. Ela faz todas essas ?funções? enquanto árvore, firmemente plantada no solo. A árvore mostra que a separação não existe na Natureza, mas é simplesmente uma criação da mente humana.

A marca da unidade também está presente em nossas vidas. Nosso próprio corpo é uma unidade delicada. Ele responde aos ciclos da Natureza. O corpo ?sabe? quando dormir e quando acordar, embora muitas vezes desrespeitemos esse sentido natural com hábitos inadequados. Todos os processos naturais do corpo parecem estar orientados para o bem-estar e a harmonia, que também são manifestações da unidade subjacente.

Exercitar a conscientização torna o cérebro um todo, alerta, sensível e suscetível às influências sublimes do Eu interno que é a consciência indivisa. Por outro lado, a ação impensada e a atividade mental descontrolada geram confusão, agitação e cegueira psicológica, que resultam em um sofrimento prolongado tanto para o indivíduo quanto para os que lhe estão próximos.

Quanto mais possamos viver na unidade, não intelectualmente ou em teoria, mas como uma realidade fundamental em nossas vidas e no mundo ao nosso redor, mais essa unidade se tornará manifesta como harmonia, paz, altruísmo e serviço constante. HPB sugere, em seu Diagrama para Meditação, que a prática continuada da meditação na unidade resulta no fim de todo medo. O medo existe apenas na mente dominada pelo separatismo e pela dualidade.

Uma outra importante diretriz para a Teosofia como prática espiritual é dada em A Voz do Silêncio: ?Viver para beneficiar a humanidade é o primeiro passo.? Talvez para alguns essa diretriz possa ser artificial; pode-se contestar: ?como minha vida individual e limitada pode beneficiar a humanidade?? Esse pensamento, contudo, não leva em conta a verdade da unidade, porque há uma unidade essencial subjacente na vida; tudo que fazemos afeta toda a existência, mesmo que não estejamos cientes disso, e as impressões sobre o que fazemos continuarão a influenciar o mundo.

Os atos brutais e insensíveis de violência simplesmente não desaparecem. Eles ficam profundamente impregnados na atmosfera psíquica do ambiente e influenciam as pessoas, que respondem a suas vibrações. Porto Arthur, na Tasmânia, foi uma das primeiras povoações penais na Austrália. Há registros da maneira horrível que aí tratavam os internos. Há mais de dez anos, durante uma desordem, um jovem massacrou mais de trinta pessoas em Porto Arthur. Isso foi mera coincidência?

O ódio étnico destruiu os Balcãs durante séculos. Após a morte do marechal Tito, que manteve as tensões sob controle, a Europa assistiu ao horror da ?limpeza étnica?, com detalhes tão brutais que lembravam a polícia especial e os assassinatos em massa da Alemanha nazista. A ?limpeza étnica? foi uma labareda espontânea ou um reavivar de entranhadas impressões, à espreita durante séculos, na consciência coletiva?

Por outro lado, respondemos espontaneamente a qualquer manifestação de bondade, que é como uma luz brilhando no mundo: ver Madre Teresa abraçar uma criança leprosa; ou a princesa Diana, na África, acariciar uma menina negra que perdeu a perna numa mina terrestre; ou o Dalai Lama dizer que confia voltar à Lhasa, e ao mesmo tempo afirmar que deseja o bem de todos os chineses e que não tem qualquer rancor contra eles; ou Nelson Mandela, que saiu da prisão transformado num novo homem, renunciar à luta armada e à ideologia do marxismo e conduzir seu país pelo caminho da verdade e da reconciliação.

Esses poucos exemplos, além dos inúmeros e anônimos atos de bondade que acontecem diariamente, ajudam a mostrar que a bondade é um dos aspectos intrínsecos da alma humana, porque a alma não tem nacionalidade, nem credo, nem cor, nem sexo, nem preferência. Todos aqueles que se tornaram grandes servidores da humanidade corporificaram em suas vidas um profundo grau de bondade, porque a bondade é a expressão natural de um coração e mente que estão completamente impregnados com a compreensão de que a vida é una.

Há muitas maneiras de auxílio: ações desinteressadas, pensamentos bondosos e compassivos, apoios morais e financeiros, sendo nós mesmos uma força benéfica. Mas a diretriz de A Voz do Silêncio não nos dá detalhes, apenas indica o caminho: ?Viver em beneficio da humanidade é o primeiro passo?. Esse tipo de vida necessariamente torna-se progressivamente abnegado; abandonamos o sentimento ilusório de que apenas nossa vida realmente importa.

Para sair da corrente de só se importar consigo próprio é necessário muito mais do que a aplicação de qualquer técnica, método ou disciplina que estejam apenas a serviço do eu, e também o exercício da autoconscientização. Isso deverá envolver todo o nosso modo de vida. Talvez por isso alguns instrutores o chamaram de arte. Numa de suas definições, HPB disse que Ocultismo ou Teosofia é ?a ciência da vida, a arte de viver?. A arte requer a aplicação harmoniosa de todos os diversos elementos e faculdades de nossa natureza, para expressar algum aspecto da beleza imortal.

Se virmos a Teosofia apenas como um sistema ou uma descrição de processos universais e naturais, ela terá um efeito muito pequeno em nossas vidas, e pode até se tornar um obstáculo em nossa busca da verdade e sabedoria. É importante identificar em seus ensinamentos as diretrizes infinitas para a vida diária, sem as quais os ensinamentos teosóficos podem se tornar uma concha vazia. Essas diretrizes mostram claramente que a Teosofia é, antes de tudo, uma prática espiritual, porque indica uma maneira de vida que não tem separatismo nem ilusão, mas está pronta a compreender, a socorrer e a ajudar. A Teosofia como prática espiritual é uma luz que brilha no mundo, num mundo que necessita terrivelmente dessa luz.

(Extraído da revista The Theosophist, de outubro de 2004.)

Tradução: Izar G. Tauceda, Porto Alegre, RS

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